Fei e Hazuki #10


Os pés descalços do loiro traçaram sobre a madeira polida e envernizada. O quimono o tinha aberto, por hora, livre do obi de seda que horas antes o tinha envolto a cintura e nos quadris, a baixa região escondida por um short justo em seda quase em mesma cor que a própria pele. Sentou-se próximo a plataforma que descia ao belo jardim oriental, tão próximo ao lago onde sempre costumava estar. A noite dava o ar da graça com uma bela lua redonda tão cheia, e o vento frio que eriçava a tez fria. Arqueou-se, quase deitado no solo de cor escura, tinha-se levemente de lado, e apoiava a tênue inclinação do corpo sobre o cotovelo e antebraço no chão. A mão direita, tratava de levar a cigarrilha a boca, e desta vez o cheiro de chocolate pairava pelo lugar a cada sopro.
- Hum...
Murmuriou consigo ante as marcas de unhas e alguns dentes na pele peitoral e não conteve um meio sorriso nos lábios já sem maquiagem.

O menor caminhou para fora da casa e suspirou, observando o outro deitado sobre a ponte do jardim, riu baixinho, deixando o quimono do mesmo modo aberto, mostrando um dos ombros e o obi amarrado de qualquer modo a fechar o mesmo. Caminhou preguiçoso até o local e ajoelhou-se ao lado dele, deitando-se em seguida e repousou a face de lado sobre o madeira, suspirando e gemeu baixinho, preguiçoso.
- O Katsuragi vai me matar...

As vistas do maior se desviaram diante dos passos seguidos no lugar, tornou a saborear a doce essência na cigarrilha, e expelir o aroma gostoso do chocolate.
- Por que? - O indagou quando enfim o teve próximo.

- Ele me deu uma cliente mulher. - Suspirou.
- E daí? - Voltou-se a ele.
- E dai? Ela me machucou todo.
- E por que o Katsuragi te mataria por isso?
Hazuki estreitou os olhos.
- Ele nunca me deu uma moça como cliente... E não gosta que eu fique marcado.
- Talvez porque nunca uma havia te requisitado.

- Mas... Eu não gosto de mulheres. Ela disse que me achou uma coisinha pequena e frágil. Eu tenho cara de coisinha pequena e frágil? - Uniu as sobrancelhas.
- Não, de modo algum. Só parece uma mocinha.
Hazuki riu e aproximou-se do outro.
- Vem cá, está frio. - Repousou mais próximo a ele e beijou-lhe no tórax, observando as marcas no local. - Uh, depois fala dos meus clientes.

As vistas do loiro se voltaram ao peitoral conforme comentado e riu-se por fim.
- Meus clientes se empolgaram com as unhas hoje, e com os dentes nos meus mamilos. E olha que a maioria foi mulher.

O menor riu baixinho e afastou-se, observando-lhe a face.
- Não cansa de fumar isso ai não?

- Ah, não. Você quer?
Fei estendeu a cigarrilha a direção do outro, oferecendo-a enquanto assistia a fumaça nítida a exalar seu cheiro adocicado. Hazuki a
ssentiu, pegando a cigarrilha para si e tragou uma vez apenas, entregando novamente a ele.
- Então a noite foi boa, ah? - Riu baixinho.

- Boa? Não foi boa, só não foi ruim.
O loiro aceitou novamente a cigarrilha, tragando-a despreocupadamente.

- Hum? Não foi boa? Teve tantas clientes.
- Sim, mas tenho preferência por uma pessoa que não atendi hoje, então... Não foi ruim, mas não foi bom.
- Ah sim. - Riu. - Own... Está gostando de um cliente, é?
- É, eu gosto de alguém.
O maior se deitou acomodado no solo de madeira. Um dos braços tinha dobrado atrás da nuca onde se deu apoio e descansava, enquanto a cigarrilha queimava a essência a cada tragada, e voltou a direção das vistas ao céu escuro, disperso e sem atenção. Hazuki u
niu as sobrancelhas, observando-o e riu baixinho.
- Ora... Quem sabe um dia você consegue ficar com ele, ah...
E o menor ergueu o corpo, levando a face a repousar sobre o tórax do maior.

- Certamente conseguiria.
Hazuki riu baixinho.
- Hai. Vamos passear hoje?

- Ele se faz um pouco difícil, mas eu gosto disso. Adoro fazê-lo tremer de nervosismo, negar incansavelmente e no fim poder roubar todo o suor de seu corpo, todo seu gozo de prazer. E sei o quanto ele gosta de cada toque, mas é insistente em parecer firme na postura. Adoro isso, definitivamente.
Fei dizia com dispersas vistas cinzentas no céu, ignorando a indagação, como quem estivesse apenas a ter os devaneios. Hazuki o
uviu cada palavra do outro e uniu as sobrancelhas, desviando o olhar a ele e logo ajoelhou-se.
- Ahn...

- Mas não é alguém que posso ter com frequência, imagino que ele seja tímido, ou somente queira me deixar com mais vontade de roubá-lo e tomar seu corpo, no fim...  - Riu-se num tom tão baixo, descontraído. - Ele sabe me provocar.
O menor sorriu, observando-o e esperava que ele terminasse de falar, inclinou-se sobre o corpo dele e lhe deu um pequeno selo nos lábios, a esse ponto, imaginava quem parecia ser aquele cliente, embora não ao certo. Fei o retribuiu em leve estalo num selo breve, que trouxe as vistas finalmente a observá-lo e sorriu silencioso, tornando ao trago da essência. Hazuki deu um pequeno sorriso ao outro, sentindo as bochechas pouco coradas.
O que foi? Está quietinho de repente.
- Ah... Nada... Então... Quer... Quer dar uma volta?
- Hum... Acho que hoje não. Quer ir em algum lugar?
O menor negativou e deitou-se ao lado dele novamente.
- Só queria descontrair um pouco ne.

- Ya, então vamos, mas estou preguiçoso hoje.
- Quer ficar aqui deitado? - Riu.
- Se quer sair então vamos. Acho que podemos encontrar algum lugar aberto e comer algo que não seja a comida daqui, hum? - Deu-lhe uma piscadela.
- Ah... Hai. Podemos beber?
- Hum... Saquê e algo bem apimentado, me parece bom.
- Hum, perfeito. Eu jogo pimenta em cima de você. - Riu.
- Joga pimenta em cima de mim? O que, a Princesinha vai me comer com pimenta e tomar saquê? Deve ser fraquinha demais pra isso.
Hazuki riu e observou o outro, rosnando a ele. - Olha que eu te mordo hein.
- Morde é? Olha que eu não só mordo, arranco pedaço e ainda como.
- Uh que medo. - Riu. - Fei é meu vampirinho.
- Vampiro por que?
- Morde e arranca pedaço, poxa. - Fez bico.

- E come.
- Hum hum... - Abriu um pequeno sorriso e riu baixinho. - Então vamos, ne... Mas vou ter que me trocar, não estou usando nada por baixo.
- Ah, e quem liga pra isso? É noite, ninguém verá, ainda mais com dois tecidos.
- Ah... Ta bem.
O maior se levantou, a cigarrinha pôs no bolso interno do tecido do traje. O obi jogado nos ombros puxou e enlaçou na cintura, alinhando o quimono. Hazuki ajeitou o quimono, cobrindo o ombro exposto e logo segurou-se no braço do outro.
- Vamos, principe?

- Ya.
O loiro lhe deu o apoio de um dos braços e traçou o caminho de passos despreocupados. Na entrada do bordel, antes de sair pelos jardins e chegar a saída do extenso local, pegou os calçados com teu pouco salto de madeira e os calçou, seguindo pela passarela de rústico concreto, até a bela portaria. O moreno c
aminhou junto dele, pegando os próprios sapatos e riu baixinho, aproximando-se do ouvido do maior.
- Espero que o Katsu não escute.
Pode até ouvir, mas converso com ele depois.
O menor assentiu, saindo com ele do local.
- Conhece um bom lugar?

- Não sei se tem algo aberto, mas costuma ter uma tendas de uma senhora bem próximo daqui. Tem saquê, e pratos quentes. Costuma estar em dias frios, hoje está meio termo, então não tenho certeza que estará por aqui.
- Ah sim, ok. - Sorriu.
Fei continuou o caminho tendo o silêncio interrompido apenas pelos toques da madeira do salto no chão onde pisavam. Hazuki observou o pequeno jardim, pouco longe do local onde estavam, parando e riu baixinho, apontando para ele o local onde haviam ido algumas noites atrás.
- Olha Fei.

- Hum? - Seguiu com vistas a direção apontada e se voltou ao outro a não entendê-lo. - O que?
Hazuki uniu as sobrancelhas e desviou o olhar ao local novamente, negativando, percebendo que não devia ter citado, já que haviam feito amor ali.
- Hum, nada ne... - Riu baixinho, sem graça.

- O que?
O loiro tornou erguer direção das orbes e fitar tal ponto antes apontado pelo outro.

- Nada não, é só o jardim onde fomos no outro dia.
- Hum... - Fei murmuriou a se voltar ao outro, num sorrisinho malvado e provocativo. - Está tendo lembranças, ah ah.
- Hum? - Riu. - Não, não... Eu só achei agradavel o lugar... E as flores são bonitas ne.
- Ah... Claro. - Riu-se no mesmo modo maldoso.
Hazuki uniu as sobrancelhas.
- Ora, quem se lembrou foi você, eu só apontei o jardim.

- Hum... - Murmurou provocativo.
- Pelo menos não sou eu quem esta apaixonado por um dos clientes.
O menor se fez de bobo e riu, continuando a andar.

- E o que isso tem a ver? Não deboche, ah. Sua vez ainda chega, garoto. Só tome cuidado pra não ficar para trás.
- Não... Não vou deixar ninguém tirar você de mim, se for morar com alguém em outro lugar, vai me adotar... - Riu. - Não fico lá sozinho com o Katsu, eu levaria uma surra todo dia.
- Sinto muito, não quero ter filhos.
- Mas Fei!

- Sem mais.
- Vai me deixar aqui?
- Deveria levá-lo?
- É claro.
- Me dê um bom motivo.
- Sou seu amigo faz anos.
- Isso é um bom motivo para levá-lo como hóspede?
- Está dizendo que vai me deixar com o Katsuragi?
- Okay, então lhe deixo como empregada.

Hazuki estreitou os olhos.
- Ja serve. - Continuou andando.

- É claro que serve. Estarei te salvando de Katsuragi.
- Hai...
- Ah, não desanime. Te darei uma bela roupa de empregada.
Fei deu-lhe um risinho e se sentou num dos não muito confortáveis assentos na tenda da velha mulher. O cheiro do misso era forte, misturado às frituras e ao álcool de saquê.
- Por sorte, encontramos aqui.

- Ah, hai...
Hazuki sorriu, desajeitado e sentou-se ao lado dele, ajeitando o quimono.

- O que quer, Princesa?
- Ahn... Peça pra você ne, eu como o mesmo. Estou faminto.
- Então, Takoyaki e uma garrafa de saquê.
Fei pediu à mulher, que assentiu, atendendo aos demais clientes. O moreno s
orriu e levou uma das mãos a uma mecha dos próprios cabelos, ajeitando-o atras da orelha.
Fei se voltou ao outro, o encarou por breve e sorriu, no fim se voltando ao interior do quimono onde pegou o pequeno vidro de essência e junto a ele a cigarrilha de prata. Levantou-se, afastando-se somente até a área não coberta, e ali passou a tragar.
- AH Fei! Larga esse vicio! Você veio comigo, não pra fumar.
- Calma, é enquanto ela prepara os takoyakis.
Hazuki estreitou os olhos e levantou-se, acompanhando-o.
- Vou roubar essa cigarrilha quando você estiver dormindo.

- Ora, mas qual é o problema?
- Não gosto quando da mais atenção pra isso.
- Ora, parece até uma esposa birrenta.
- Hã.
O menor virou-se, voltando-se a sentar. Fei s
ugou a fumaça novamente com fresco aroma mentolado. Fechou os olhos a expeli-la, sentindo o vento frio eriçar suavemente a pele. Hazuki observou o rapaz se aproximar de si, tinha cheiro de bebida forte, parecia ter passado a noite bebendo. Uniu as sobrancelhas e levantou-se de modo rápido.
- Fei!

O maior descerrou as pálpebras a voltar atenção ao amigo. Negativou num meio riso e apagou a cigarrilha, voltando ao assento, encarou o homem e sentou-se acomodado. Palavras desnecessárias fizeram-se ante a presença da senhora que expulsava gentilmente o alheio, enquanto servia os pedidos, dois pequenos copos conjuntos. Sorriu a ela, agradecendo num manear leve e espetou um dos bolinhos, o levando a boca.
O menor suspirou, voltando a se sentar próximo a ele e observou os copos sobre a mesa, servindo-se com a bebida e segurou o copo com ambas as mãos, levando aos lábios e bebeu toda a bebida de uma vez, tentando se aquecer. Fei franziu o cenho enquanto degustava o pequeno bolinho, aceitou a garrafa numa das mãos e serviu o próprio copo do álcool.
- O que foi?

O menor negativou, abrindo um pequeno sorriso e pegou um dos aperitivos para si, experimentando-o.
- Hum... É gostoso.

- Quando se está com fome, muitas coisas se tornam gostosas. Mas esse takoyaki é realmente bom.
Fei golou um início de bebida, ingerindo o aperitivo na boca com ajuda do liquido ardente, e após o tê-lo feito, virou-a numa vez, tornando servir o copo, e logo o do amigo, enquanto já se servia de um novo dos bolinhos fritos. Hazuki r
iu baixinho e assentiu, bebendo mais do saque e comeu junto dele.
- Hum... Estou cansado da comida de lá.

- Está cansado de lá, resumindo.
Fei comentou e tornou beber do saquê. 
Hazuki assentiu, comendo mais um dos bolinhos.
- Não tenho muito o que reclamar de lá.
- Claro... O Katsuragi da pra você sempre. - Riu.
- E o que isso tem a ver?
- Ora, ele te ama.
Fei riu.
- Está com sono, Princesa?

- Estou nada. - Hazuki riu e virou o copo de saquê.
- Está falando até coisas que não tem nada a ver.
Fei espetou mais um dos bolinhos, o saboreando.

- É verdade, poxa.
O menor serviu a si com pouco mais do saque, saboreando a bebida. Observou o outro e riu baixinho, espetando um dos bolinhos e levou aos lábios dele. O maior se v
oltou a ele após ter-se servido com mais do saquê e tê-lo ingerido. Abriu a boca quando finalmente engoliu o aperitivo e aceitou o que fora entregue, o mastigando depressa até engoli-lo junto a nova dose do saquê.
- Coma senão ficará bêbado muito fácil.

- Mas estou comendo.
O menor riu baixinho, pegando um dos bolinhos e levou aos próprios lábios.

- Devagar. Vou comer tudo sozinho, Princesa.
Fei tornou encher o copo com o saquê, golando em duas vezes até esvair o liquido do recipiente.

- Hai. Mas a comida está muito boa mesmo.
- Está. Aqui tem aperitivos e sopas muito boas, pode vir mais vezes.
- Vou vir mais. Mas tenho medo de encontrar gente como aquele rapaz se vier sozinho, ne.
- Como se você saísse muito sozinho.
- Hai, você tem que vir comigo.
- Ya. Virei trazer a senhorita.
Hazuki sorriu a ele, sutilmente e desviou o olhar ao rosto do amigo, cruzando o olhar com o dele por poucos segundos e sentiu a face se corar, de fato sentia algo novo, diferente por ele, e agradável. Queria descobrir o que era.

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