Yuuki e Kazuto #9


Kazuto estava em casa, arrumando os últimos detalhes em tudo, em suas respectivas caixas. Olhar o local vazio dava um certo aperto no peito. No banheiro, o espelho quebrado que nem quis consertar para não ver a própria imagem. Fazia bons dias que ia até o estúdio e ficava do lado de fora, apenas para vê-lo chegar, vê-lo de longe. A caixa nas mãos, com as últimas coisas dentro, virou-se para sair do quarto e deu de cara com o amigo, Hinata que segurou a caixa para que não caísse com o sobressalto.
- Caralho, que susto!
- Desculpe... Como está a mudança?
- Bem, não vou pra muito longe.
- Vai ficar por perto então?
- Sim, um apartamento na outra rua.
- Algum motivo em especial?
- Esse lugar não me faz bem... Tenho algumas lembranças que... - Caminhou até a janela, a mão tocando o local onde o vampiro havia se sentado. - Bem... É melhor assim.
- Devo te deixar sozinho com a janela? - Riu.
- Idiota. - Riu assim como ele.
- Vou descer com isso.
- Ta bem... - Kazuto ficou os últimos minutos no local e logo saiu, trancando a porta e desceu. Pegou a caixa e olhou o amigo. - Nos vemos depois, hum. Vá me visitar.
- Não esqueça os ensaios.
- Não vou esquecer.
O loiro não demorou a chegar no local, visto que tão perto. Adentrou o apartamento, pegando as chaves na recepção e assim que subiu, abriu a porta e observou o local, deixando a caixa sobre o móvel de centro da sala. Já era tarde então decidiu ir ao quarto descansar. Caminhou até a porta para fechá-la quando ouviu um barulho do corredor. Saiu do quarto, procurando o dono do barulho e até estranhou, porém logo havia visto o vampiro ali, virado de costas, o loiro abrindo a porta de seu quarto.
- Yuuki!?
Uma das mãos tampou os lábios, estupefato, e rapidamente adentrou o próprio quarto, sem deixar que ele visse a si, batendo a porta e ficando parado diante dela.
Ao passar o cartão na fechadura eletrônica do quarto, Yuuki sentiu o aroma exalado pelo corredor, e era conhecido, porém não o sentia há dias. Virou-se, observando o corredor vazio, e a porta que acabara de se fechar.
- Hum... - Tornou a abrir a porta, adentrando o próprio apartamento.

- Só pode estar brincando! - O pequeno deu um soco na porta - Ai.... Droga. - sentou-se na cama e olhou para o teto - Obrigado, muito obrigado. Vai foder mais um pouco com a minha vida? - Pegou o telefone e digitou o número do amigo. - Hinata, posso ficar essa noite com você? 
- Porque?
- Não vou aguentar ficar aqui, é uma longa historia.
- Claro venha.
- Ótimo.
E levantando-se, colocou algumas roupas na mochila e trancou o quarto.

Após o banho, e a troca de vestes, Yuuki tornou a deixar o apartamento. Trancou a porta ao sair, era hora do jantar... Caminhou até o elevador, e esperou a porta ser aberta, adentrando-o assim que o mesmo se abriu. Sentia o cheiro conhecido, no entanto sequer deu ao trabalho de buscar o dono do mesmo.
Kazuto olhou na mochila e notou que tinha esquecido as lentes de contato, suspirou, sem elas não sairia.
- Ah, ótimo.
Apertou o botão do elevador para esperar o mesmo e assim que ele se abriu, fitou o vampiro loiro, paralisando no mesmo local, deixando a mochila cair com tudo que tinha dentro.
- Y- Yuuki...

O loiro maior baixou o óculos frente os olhos, e quando fora sair o corpo deu de encontro com o conhecido prestes a adentrar o elevador.
- Olha pra onde anda, Filho da puta!
Sentiu o mesmo aroma exalado a pouco, notando o conhecido, ainda mais ao ouvir a voz trêmula a chamar o nome. O menor f
itou a face dele, os olhos suplicantes.
- Yuuki... Senti sua falta...

O óculos colocado a pouco frente os olhos do outro, fora retirado e passou a fitar os alheios, por um bom tempo observou o garoto mais baixo, e não disse nada. O menor fitava os olhos do vampiro, a expressão de medo se formando na face e as lágrimas presas nos olhos, escorrendo aos poucos pelo rosto.
Aquele cheiro, trazia náuseas do maior, estava com fome. Os olhos dourados, aos poucos tornando-se mais rubros que o normal, voltou a colocar o óculos devido as pessoas no saguão.
- O que foi criança, se perdeu dos pais?

Kazuto olhou em volta e empurrou o outro para o elevador, apertando o último botão que viu, o último andar que dava acesso ao terraço do prédio, retirou os óculos dele, observando os olhos do vampiro novamente.
- Não me trate como se eu fosse realmente uma criança, já disse.

- Você é uma criança. Ignorante ainda. Não faço nada por ter câmeras aqui, ahn. Mas fico feliz que esteja sendo levado para o terraço, posso te jogar de lá de cima. - Esboçou um sorriso, gentilmente moldado.
Kazuto se virou, olhando o botão que havia apertado.
- Ah.... Caralho.

Dos lábios cerrados, soou o pequeno risinho.
- O que faz aqui? Gostou de ser arrombado, é?

O menor se virou novamente.
- Yuuki.... Eu teria gostado se não tivesse visto você sair por aquela porta com aquele olhar desdém, eu gosto de você e você está me usando o tempo todo!
Kazuto ouviu o barulho da porta se abrir e suspirou, virando-se para olhar.

- Estou te usando ? Quem é que corre atrás, ahn? - A voz cínica, proferida em tom ameno. - Mas foda-se você moleque, usei mesmo, estava precisando transar e você parece uma cadela no cio querendo dar, te fodi. O que espera de mim, hum?
Ele se aproximou do pequeno, e por mais que a vontade fosse outra, lhe beijou os lábios, arrancando o fôlego do garoto. Uma das mãos alisou a coxa do louro, apalpando-a, enquanto os lábios proporcionavam mordidas indelicadas do lábio inferior, arrancando o sangue necessitado pelo organismo. Roçou diversas vezes o quadril ao dele enquanto pressionava o conhecido contra o metal do elevador. Uma das mãos subiu pela lateral do corpo alheio, até alcançar o pescoço, onde sutilmente passou a apertar, cravando as unhas pontiagudas na pele enquanto arrancava o ar do garoto, atento a câmera do local, asfixiando-o.

Kazuto se assustou com o beijo nos lábios, os olhos arregalados, tentando de qualquer maneira interromper o beijo dele, gemendo baixo pelos machucados causados nos lábios, as pernas foram ao redor da cintura do outro, sentindo o corpo ser pressionado contra o metal e uma das mãos apoiava-se no ombro dele, apertando-o ali. A outra foi até o pescoço, sobre a mão dele, tentando retirá-la, soltar-se e respirar.
- Y-Yuuki... Pare...
A voz rouca soou no local e os olhos se fecharam, a expressão de dor se formando no rosto.

- Quer transar comigo de novo, Kazuto?
O vampiro disse contra os lábios alheios, ainda próximo aos próprios. Pela primeira vez o havia chamado pelo nome. Desviou a atenção dada aos singelos lábios do outro, e os olhos rubros fitando a face deste, ao passar ao pescoço, que mordeu sem delongas, deleitando-se do sangue, enquanto a mão dolosa, cravava as unhas na pele e tirava o ar do garoto.

- Me...Me chamou de.... Ahn...
Uma das mãos do pequeno, guiou aos cabelos dele e um alto gemido escapou dos lábios ao senti-lo morder o pescoço, puxando com mais força sua mão, mas ainda sem conseguir tirá-la do local.
- Yuuki... Você... Vai... Me matar... Não consigo... Respirar...

As presas compridas, afiadas do maior, buscaram o sangue ansiado pelo corpo. Eriçou a pele ante o calor, mas como sempre, fora morrendo aos poucos. Ouviu as palavras alheias, no entanto os dedos continuavam a apertar o pescoço do pequeno. Após a satisfação, retirou os caninos da carne do outro, e friccionou a língua contra os orifícios próximos a clavícula, cessando o sangue que manchava a pele alva do louro. Voltou a atenção a face da vítima, e este já poderia ver os olhos que novamente eram dourados após saciar a sede, somente alguns pequenos pontos do rubro estavam ali.
- Não seria uma má ideia... - Falou em tom baixo.

A vista do menor já estava embaçada e os olhos foram aos poucos se fechando, vendo os olhos dele em frente e as lágrimas escorriam pelo rosto do vocalista.
- Yuuki... Por favor...

O riso do vampiro soou minimamente audível. Soltou o garoto. O menor retirou as pernas da cintura dele e caiu no chão, tossindo, e a mão no pescoço, tentando recuperar o ar retirado, afastando-se do outro a rastejar pelo chão. De fato nunca havia se sentido tão perto da morte quanto os momento em que havia passado com ele.
- Oh, o que foi criança? Está com medo? - Cínico. Aproximou-se novamente do mais baixo.
As mãos do pequeno apoiaram-se no chão, engatinhando para fora do elevador, levantou-se com dificuldade e fitou o outro, abrindo a porta que dava acesso ao terraço, sentindo o vento frio na pele. Yuuki caminhou ao terraço, assim como ele havia feito.
- Não acha mais seguro ficar aqui dentro, uh? - Caminhava em direção ao pequeno.

Kazuto observou o outro, ajoelhando-se, não aguentava o peso do próprio corpo, gemeu e levantou pouco a cabeça, os cabelos loiros cobrindo a face.
- Vai mesmo me matar?

Yuuki riu em som nasal, observando o garoto naquela situação deplorável.
- Venha pequeno, deixe-me cuidar de você, uh.

O menor retirou os cabelos da face, fitando os olhos brilhantes do outro.
- Não quero que tenha pena de mim.

- Eu não tenho pena de você, criança. Vou apenas colocar a cinderella para dormir, uh. Ou talvez, transformá-la na bela adormecida.
A voz rouca aos poucos passou a ecoar com o riso.
- Você é um monstro... - Estreitou os olhos - Por que eu gosto tanto de você?

- Sim, eu sou. - Yuuki cessou o riso após passar a proferir as palavras. - Vem pequeno, vamos fazer amor, deixa eu te amar, uh. Vou cuidar de você.
Dizia com a gentileza, certamente palavras debochadas, certamente palavras que o louro pequeno, desejaria ouvir, ou não. Aproximou-se, ajoelhando-se frente ao conhecido, uma das mãos fora ao queixo, segurando-o.
- Quer dormir ? - Murmurou.

- Você nunca diria isso.
As lágrimas já escorriam pelo rosto ao ouvir as palavras dele, desviou o olhar ao chão, evitando olhar os olhos bonitos do maior, ponderando sobre o dito, e talvez, de certo modo era melhor morrer do que conviver com aquela dor.
- Não... Eu quero ficar ao seu lado e se eu morrer.... Não estarei mais.

- Faça como quiser.
O loiro se levantou, deixando o garoto ali. Retomou os passos para dentro do edifício e pegou novamente o elevador. Retornaria ao quarto, afinal, a refeição já estava feita. 
Kazuto se deitou no chão e já não enxergava mais nada nitidamente, estava fraco mais uma vez, acabado, melhor dizer assim, sem forças.
- Quero ir embora...
Murmurou e logo sentiu o celular vibrar no bolso. O pegou e levou até o ouvido prontamente após apertar o botão na tela.
- Alô...? 

- Kazuto! Meu deus, cadê você? 
O menor suspirou.
- Não irei mais, Hinata... - Murmurou, a voz rouca.

- Porq...
O loiro desligou, antes que ele pudesse finalizar e jogou o celular no chão, fechando os olhos, as mãos se fechando com força, os punhos, e cravou as unhas na palma da mão, tamanha raiva que tinha de si por ter negado a única coisa que queria na vida naquele momento. O beijo dele.

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