Ikuma e Taa #5


Taa adentrou a cafeteria no centro que costumava ir e sentou-se próximo ao balcão, pedindo à moça uma fatia de bolo de morango e o chá. Havia acabado de apagar o cigarro antes de entrar e carregava o isqueiro, guardando-o no bolso, distraído quando ouviu a voz conhecida ao lado, pedindo o café. Suspirou e abriu um sorriso nos lábios, virando-se em direção a ele.
- Olha só, princesinha... - Riu

Os olhos tipicamente claros do vocalista foram em busca do portador da voz em que taxava um apelido. Caminhou até a saída da cafeteria após ter feito o pedido, somente para jogar a bituca de cigarro já que o local não permitia o fumo. Expôs nos lábios bonitos um pequeno sorriso sarcástico, conjunto a expressão facial que acompanhou o ritmo e tornou a adentar o estabelecimento, sentando-se numa das mesas não muito distante do balcão.
- Olá, Trepador.
Finalmente deu presença da voz, cumprimentando-o com o novo apelido. O maior se l
evantou e caminhou até a mesa sentando-se em frente a ele.
- Espero que não se importe, e se se importar foda-se. - Sorriu - Como está, ser irritante?
Oh, de forma alguma. Não me importo em te privilegiar com minha insuportável e adorável presença.
Ikuma acomodou-se à vontade no assento, apoiando um dos cotovelos sobre a braçadeira da cadeira e levava a mão em frente os lábios, brincando com uma das unhas.
- Ótimo como sempre, lagartixa. E você?

- Estou bem, pelo menos até agora. - Desviou o olhar ao balcão - E tente não fazer cena na frente da garçonete e dizer que me ama de novo, tá?
- Uh, claro. Me perdoe por isso.
O loiro expôs a sinceridade e cortesia na fala, e baixou a mão, entrelaçando os próprios dedos e repousava sobre a perna. Taa e
streitou os olhos.
- Você está gentil demais hoje... Porque?

O loiro sorriu ao vocal e desviou o olhar à serviçal que pousava a xícara de café sobre a mesa. Porém, as íris logo mais direcionaram-se a face defronte e franziu o cenho.
- Taa... Não faz isso, você sabe o que eu sinto por você... Eu amo você. Sinto muito se não respeitei seu corpo aquele dia, mas eu juro... Eu o amo mais que tudo... Volta pra mim.. -  Murmurou as ultimas palavras, não desviando a atenção a garçonete.

O maior arqueou uma das sobrancelhas como fez da outra vez e riu.
- Você é um idiota, Ikuma... Um completo imbecil. - Observou a moça ao lado que fitava a si e suspirou - Não... Você não acha que ele... E eu... Não, não temos nada... - Levou uma das mãos à face, cobrindo-a assim que viu a moça se retirar. - Seu filho da puta...

O menor alargou os lábios ao ouvir o apelido e pegou a xícara sobre a mesa, levando-a aos lábios, assim que a adoçou. Ao pousá-la sobre o pequeno píris, em mesmo tom escuro, delineou os lábios com a língua, limpando o sutil rastro do creme e proferiu.
- Eu sei, eu sei...

- Pare de falar isso se não vou apanhar de novo.
Taa o fitou e logo o olhar foi à xícara a frente, adoçando o chá assim como o outro havia feito e levou até os lábios, bebendo um gole do mesmo.

- Ah, qual é? Tem medo de ser pisada por uma mulher, lagartixa? Seja homem.
- Não tenho medo mas porra, estou cansado de apanhar. - Riu
- Hum... As noites têm sido selvagens demais? - Brincou, novamente degustando o café.
- Não, até que você é tranquilo, meu amor.
Taa piscou a ele e pegou um pequeno pedaço do bolo, levando as lábios.

- Oh, sério? - Disse dando continuidade a brincadeira, que certamente daria em término com provocações. -  Que bom, Taaís. - Apoiou ambos os cotovelos sobre a mesa, e entrelaçava novamente os dedos, dando apoio ao queixo sobre o dorso da mão. - Porque você gemeu com tanta vontade que achei que estava doendo.
O maior levou a xícara aos lábios e ouviu o que o outro disse, deixando a xícara sobre a mesa e tossindo, engasgando com a bebida.
- O-O que?

Um baixo riso se tornou minimamente audível dentre os lábios fechados do menor, era abafado, porém notável e expunha a malícia com que o fez, acompanhando a expressão maldosa.
- Calma, amor... Não vá engasgar como o fez ontem...  Enfim, gemeu tão dolorido que achei que estava te machucando, Taaís.
Ikuma cerrou as pálpebras e entreabriu os lábios, expondo um pequeno gemido pesaroso, assim que encerrado, os olhos voltaram a se abrir e o mesmo sorriso tomou posse dos lábios.
- Você fez assim, amor... Te machuquei... Me perdoe...

Taa cruzou os braços, fitando-o e arqueou uma das sobrancelhas.
- Hum... Pois é, estava me apertando tanto que me machucou, princesinha.
Piscou a ele e bebeu mais um gole do chá.

- Ah verdade? Me desculpe novamente, não medi a força da mão e o apertei demais, é que você é tão estreitinho que acabei pegando o reflexo. Da próxima não te masturbo enquanto te como, uh.
O maior desviou os olhos ao chá e voltou a tomá-lo, dando-se por vencido, disfarçando.
- Juro que da próxima serei gentil ao fazer amor com você...
Ikuma sussurrou malicioso, sendo ainda mais provocativo no tom de voz. Desfez o entrelaçar de dedos e passou a prover do café que já esfriava.

- Idiota... - Murmurou - Você nunca vai tocar em mim, mocinha.
- Concordo sem hesitar.
- Hã. - Taa pegou mais um pequeno pedaço do bolo, levando aos lábios.
- Nunca vi um réptil gostar de doces... Primeira vez.
- Pois é, nem eu vi, um dia quem sabe eu veja. - Continuou a comer o bolo.
- É, olhe-se no espelho enquanto come seu bolo, verá um.
- Pare de me infernizar, eu não sou uma lagartixa.
- Oh claro, vou poupar você por algum tempo, certo? Está tão desanimadinha, lagarta.
- Obrigada... - Pigarreou - Obrigado.
- Hum...
Ikuma murmurou e permaneceu em silêncio, apreciando o café até terminá-lo e deixar o pagamento da bebida sobre a mesa. Levantou-se e caminhou ao exterior da cafeteria, encostando-se à parede ao lado da saída, pegou um dos cigarros e levou-o aos lábios o acendendo e passou a prover do fumo.
Taa terminou de comer e suspirou, deixando o dinheiro sobre a mesa como o outro. Saiu do local e o observou, rindo baixo, passou por ele e retirou um dos cigarros do bolso, acendendo-o, virou-se e apenas fez o sinal com a cabeça para que o outro acompanhasse a si.

O loiro franziu o cenho ao ser chamado, e tirou o cigarro que acabara de tragar, dos lábios. Cerrou as pálpebras permaneceu uns instantes ainda encostado, preguiçoso, porém ao fim da nicotina, seguiu o outro vocalista, acendendo um novo cigarro. Taa tragava o cigarro algumas vezes e caminhava em uma direção qualquer, os olhos se desviaram ao outro.
- Onde quer ir?

- Conhecer sua árvore. - Disse após tragar o cigarro.
- Hum, não tenho árvore alguma, mas te levo a minha casa se quiser, mocinha.
- Vai me mostrar a construção do seu casulo para florescer, borboleta?
- Não, mas tem a minha cama, hum. - Piscou a ele, segurando o riso.
- É lá que vai florescer, lagartixa?
- Ai que princesa chata.
- Eu sou. Se eu cortar seu rabo ele cresce de novo? - Ikuma riu.
- Vá se foder, Ikuma.
- Aaah... Deixa eu cortar, deixa, deixa...
Taa estreitou os olhos.
- Vai cortar o rabo da sua mãe.

- Uh... - A mão do menor fora ao queixo, dando um ar pensativo. - Seria menos nojento que cortar o seu...
- Ai ai... Babaca.
- Só que o da minha mãe não cresce de volta. Então prefiro cortar o seu.
- Ah corte então, e pare de me encher. 
- Ah, que chatinho.. Só tenho medo de fazer isso e pegar aids. Sua espécie tem sangue no rabo? Porque se não for sair sangue, eu corto.
Taa estreitou os olhos.
- Ikuma... Cala a boca.

O loiro riu baixinho.
- Está bem, um pouco só.

- Vai calar a boca?
Os olhos do menor se voltaram para o lado oposto onde o vocal estava, e não disse nada em resposta, apenas continuando a fumar o cigarro, afinal, já havia calado a boca. Taa riu e continuou a andar.
- Ainda não me disse onde quer ir...

- Uh, não sei, tanto faz. Quer conversar agora, uh uh? Não disse pra calar a boca, lagartixa?
- Ótimo, vamos sentar no meio da rua e ver quem morre primeiro, o que acha?
- Você, com certeza.
- Prefiro você em silencio.
- Verá como se torna entediante.
- É realmente... Fale e me encha o saco, é melhor. 
Você fuma feito uma chaminé e depois fala que eu vou morrer logo, hum.
Ikuma riu e tirou a nicotina dos lábios. Uma das mãos fora ao ombro do outro e dera pequenos tapas seguido de um aperto.
 - Já estou morto e você vai morrer daqui uma semana.

- Você continua me assustando falando que está morto, zumbizinho.
- Frouxo.
- É o caralho.
- É você.
- Isso virou discussão de criança, vou te levar mesmo pra minha casa daqui a pouco. - Riu
- Não estamos discutindo, lagartixa. Você que é frouxo demais. Não tem coragem de bater, só fecha os olhos pra apanhar e ainda não aguenta provocações. Ah, como é delicado.
- Você está realmente me irritando. E eu não sou delicado...
- Está vendo... Não aguentou esta também. - Riu baixinho. 
- Eu prefiro nem responder.
- Porque também não consegue..  
Taa cruzou os braços.
- Não preciso.

- Não consegue.
- Não preciso, porra.
- Uhn... - Murmurou. - Só uma desculpa por não ser capaz de fazer, ne. Tudo bem, uma lagartixa é realmente um animal bem insignificante.

Taa levantou a mão e foi de encontro a face do outro mas não o tocou, parou perto da mesma e o fitou, suspirou e virou-se, caminhando na direção oposta do loiro, não conseguia, realmente não conseguia.
- Por que não bate, uh? - Cessou os passos e virou-se, observando o rapaz afastar-se. 
- Porque eu não quero...
- Porque é um idiota. Sequer me conhece e consegue ouvir insultos, se aborrecer e ainda assim. - Riu. - Não te entendo. Mas certamente é um bom amigo...
Ikuma se encaminhou até o outro e lhe puxou através do pulso direito. Fez-se frente à frente e lhe puxou a mão, trazendo-a indelicada a própria face, recebendo um tapa desferido por si próprio.
- Sente-se melhor ?

O maior o fitou e puxou o braço, soltando-se.
- Não, eu não queria te bater.

- Hum... você é mesmo sem graça.
- Sou, devia te dar umas porradas.
- Então dê.
- Não!

- Argh!... Você é tedioso.
- Obrigado. - Riu e cruzou os braços.
- Hai, hai... Desta vez quem se dá por vencido sou eu, você é realmente uma bicha passiva e tediosa.
- Obrigado novamente.... Então nos vemos depois.
- Hum, nos vemos.

Taa assentiu e logo voltou a caminhar, observando-o vez ou outra a ficar para trás e se perguntava porque ele queria tanto fazer a si bater nele. Era estranho, parecia querer provar ou mostrar alguma coisa, parecia... Estranho. Sentia aquela temperatura fria da face do outro, estranha, mas agradável e até sorriu consigo ao pensar que talvez preferisse estar com ele, a estar com o rapaz com o qual gostava. Ok, aquilo estava ficando estranho...

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