Yuuki e Kazuto #6


Kazuto descerrou as pálpebras cansadas e ainda estava sobre a cama manchada de sangue. Apoiou-se, tentando se levantar, mas estava fraco demais, afinal quantas vezes já havia parado no hospital só naquela semana? Poderia muito bem ter morrido logo e acabado com o sofrimento. Por que o corpo insistia em lutar? Notou o lençol branco de seda molhado pelo próprio sangue escuro e suspirou, não tinha controle das pernas, que trêmulas foram ao chão, onde se ajoelhou. Gemeu e se apoiou na cama, a mão foi até o pescoço, sentindo-o coberto pelo mesmo líquido denso e até podia sentir o gosto nos lábios. Levantou-se, apoiando-se, já que quase não aguentava ficar de pé mas seguiu até o banheiro, apoiou-se na pia e cuspiu o sangue que tinha nos lábios. A mão guiou até os mesmos, apenas os sentindo, tocando-os suavemente e lembrava-se do beijo do outro, da pele gélida dele tocando a própria e sentia tanta vontade de chorar por saber que não o veria de novo.
- Yuuki...
Fez os curativos novamente no corpo, tendo a certeza que dessa vez não iria perder os mesmos e foi direto a cama, deitando-se desconfortavelmente sobre o lençol sujo e por um bom tempo conseguiu ficar apenas deitado pensando sobre a situação com ele, até que as lágrimas começassem a rolar pelo rosto mais uma vez.
- Porque eu prometi que não o veria de novo? Eu não vou aguentar... 

Alguns dias haviam se passado e o vocalista não se levantou se não para comer quando seu corpo definhava de fome e seguir a lugares essenciais. Ignorou os telefonemas e as batidas na porta, a voz de Hinata sempre a chamar pelo próprio nome, apenas respondido com um “Vá embora”. Sabia que eles se preocupavam consigo mas, realmente não queria ver ninguém. Era noite, o relógio marcava oito horas, não conseguia dormir, os olhos presos a janela para ver se o outro viria, mas nada como sempre, ao lado de si, na cômoda, o pequeno estilete, a mão hesitante em alcançá-lo até que finalmente o fez. A lâmina brilhava na pouca luz da lua que adentrada o quarto e guiando-a ao pulso, fora onde fez o primeiro corte, e só queria sentir dor, sentir-se como se sentia com ele. Precisava vê-lo, mesmo que apenas os olhos dele, para depois morrer, não se importaria.
Levantou-se e limpou o sangue, fechando os botões da camisa que logo fora suja novamente e vestiu o casaco, saindo do local e caminhando, em passos rápidos até a gravadora. Os olhos fechados, a mão sobre o peito, no fundo, rezava para que ele ao menos olhasse para si.
Assim que viu os integrantes saindo, as pernas tremeram, reflexo ao medo que sentiu e adentrou a sala, a voz não escapou da garganta e murmurou o que ia dizer, pigarreou e finalmente, disse em voz alta.
- Yuuki... Me fez prometer algo que eu não posso cumprir... Não sei o que fazer...

O vampiro, assim como os outros prestes a sair quando sentiu o aroma corporal exalado no corredor, sequer demorou alguns segundos para ouvir a voz alta do garoto, que achava tê-lo visto pela última vez alguns dias atrás. Encarou igualmente o pequeno, observando os olhos, talvez suplicantes, mas não saberia distinguir os sentimentos esboçados naquele olhar, ou sequer algum tipo de sentimento se não o prazer em ferir os próximos, dessedentar no sangue alheio, e não se importava com os mútuos sentimentos que os seres humanos pudessem possuir. Ou talvez a raiva, e o cansaço, como aquele fedelho pudera ser tão insistente. A narinas constaram o cheiro de sangue, tão mais próximo que o liquido corrente nas veias, ele estava machucado certamente, mas não se cansava disso. Os passos objetivos foram suficientes até cessar o andar em frente ao corpo de estatura menor, ajeitou o óculos frente aos olhos, e por mais que o reconhecesse.
- Hum, quem é você ?

Os olhos do pequeno fitaram os olhos dele cobertos pelos óculos e as lágrimas escorreram pelo rosto, ajoelhou-se em frente a ele, escondendo o rosto com as mãos.
- Você sabe quem eu sou...

- Hum, deve ser só mais um fã neurótico.
Yuuki desviou o rapaz no chão ao retomar os passos para a saída do estúdio. O menor s
uspirou e se virou em frente a ele, levantando-se.
- A cinderella, Yuuki.

- Cinderella ? - O maior virou minimamente o corpo, somente para que fosse capaz de fitar o pequeno atrás de si. - Vá assistir filmes em casa, criança!
Kazuto cruzou os braços.
- Não me proíba de ver você, por favor.

Yuuki retornou os passos feitos, em direção ao mais baixo.
- Garoto, o que você quer? Autógrafo? Vá ao show, e te darei. Agora vá embora, assistir seu filme de cinderella.

- Não estou rindo, Yuuki.
O menor o fitou, sério, uma das mãos foi aos óculos dele, abaixando-os para que pudesse fitar seus olhos dourados novamente.

Os olhos destapados, desprovidos da lente escura, observaram os alheios. Apático, na face, inexistente algum tipo de expressão, talvez a seriedade, somente o reflexo para incredulidade e a vontade louca de estourar a cabeça daquela criança teimosa. Segurou o pulso alheio, antes mesmo que este tornasse a abaixar o braço, e dele, pegou o óculos, soltando-o assim que o acessório veio novamente para a face. A mão do menor foi até a dele, segurando-a, sentindo a pele fria como uma pedra de gelo e abriu um pequeno sorriso nos lábios.
- Eu sei que sabe quem eu sou.

- Não sei quem é você, e não me interessa saber. - Yuuki sorriu, um sorriso ironicamente gentil, contraditório às próprias palavras. - Adeus, garoto.
Voltou a dizer, as mesmas palavras que havia dito a dias atrás. Assim como aquela feição amena, o sorriso, era somente um reflexo para a vontade avassaladora de dilacerar aquela criança irritante, em pequenas partes, até livrar a terra daquele empecilho. Deu as costas ao louro, e novamente caminhou para a saída do estúdio, deixando o outro vocalista na sala. 
Kazuto saiu do local, correndo atrás dele e o alcançá-lo, segurou o pulso do outro, sabia que não iria pará-lo com palavras.
- Yuuki, espere, me escute.

O vampiro sentiu novamente o toque alheio, este que fez com que os passos fossem cessados, tamanha vontade que teve de estourar aquele garoto, no entanto, mesmo que ele não soubesse, havia escolhido o melhor lugar para tal ação, devido a inúmera quantidade de staffs no corredor. Puxou o braço, desvencilhando-o de tal toque. Virou-se frente ao garoto, e nos pequenos lábios vermelhos, desta vez pela maquiagem, nasceu o novo sorriso, tão contraditório quanto ao anterior, no entanto, dava ênfase ao ódio que sentira, ainda mais quando uma das mãos fora frente ao óculos, abaixando-o afim de observar o rosto do mais baixo. Os olhos tipicamente dourados, estavam tão vermelhos quanto o sangue que corria pelas veias do conhecido, pequenos pontos do rubro, que aos poucos tomava inteiramente as íris do vampiro.
- Diga, garoto!

Kazuto uniu as sobrancelhas ao fitar os olhos dele, desviando o olhar e o medo novamente fez as pernas fraquejarem, porém pigarreou e o fitou.
- Não consigo ficar um dia longe de você, estou ficando louco. Desde aquele beijo eu tenho me amaldiçoado, não queria ter prometido que não o veria, eu não posso. Nem que o veja assim com raiva.

Yuuki ouviu as palavras do garoto, novamente os olhos vermelhos analisaram completamente o local onde ambos estavam, e não somente os dois, mas também os serviçais do local, alguns integrantes de outras bandas, dono da gravadora, até que por fim tornou a observar o garoto.
- Maldito. - Sussurrou, e por fim as frases seguintes soaram audíveis, talvez como se conversassem normalmente, distraindo os olhares alheios sobre ambos, e tornou a colocar os óculos. - Faça como quiser, observe o que quiser, só não me toque, seu pirralho.

- Mas... Mas... Posso falar com você...? - Abriu um enorme sorriso nos lábios, satisfeito.
- Fale, só não comece a chorar se eu não lhe der atenção.
O maior deu as costas ao garoto novamente, retomando os passos até a saída do prédio onde se localizava a gravadora.

- Não, Yuuki, assim não tem graça. - Disse o menos, caminhando atrás do outro. - Não estou te pedindo mais nada, por favor, só atenção.
- E por que devo dar atenção a você? - Disse em tom áspero, típico do vampiro.
- Porque assim eu vou parar de te encher tanto a paciência.
- Como você consegue ser tão insuportável, seu inútil?
- Não sou insuportável só gosto de você e quero sua atenção.
- Criança mimada dos infernos! Vai te foder garoto, não sou seu pai.
- Yuuki... Por favor.
O maior teve-se corretamente a frente do garoto. Curvou pouco a coluna até que a face estivesse próxima a dele, observando em mínima distância, como já tivera feito antes. Uma das mãos tornou a expor os olhos rubros assim que tirou o óculos que os tapava, e com tais íris amedrontadoras, encarou o garoto como se o despisse somente com tal olhar.
- Por favor ? - Dizia a voz rouca, o tom baixo, porém audível ao louro menor. - Acha que me importo se está implorando ou não? Acha que ligo pra você? Garoto, sua existência é totalmente insignificante para mim.

- Mas Yuuki... Eu quero ficar ao seu lado... Você não pode ser tão frio assim.
Kazuto fitou os olhos do outro e esticando-se, selou os lábios dele, desviou o olhar rapidamente para o local, já estavam na saída do estúdio e sabia que se saíssem dali ele certamente o mataria por insistir tanto.

- Você é demente ? - Yuuki o indagou, expondo a incredulidade no tom de voz. - Te peguei na rua por ocasião, te bati, te mordi, só não te matei por ser uma criança ainda. Mas pra foder minha vida, mordi uma criança bicha, sem noção, que tá louca pra dar a bunda.
- Acha que se eu estivesse louco pra dar pra você não teria pedido isso aquela noite ao invés do beijo, hum? Quero que me ame. - Estreitou os olhos. - Quero ficar junto com você...
- Não irei amar você, pirralho! Desista! - Novamente Yuuki deu as costas a ele, e retomou o caminho até o local onde residia. - Vá embora.
Kazuto saiu do local e caminhou atrás dele novamente. Bem, seria suicida.
- Eu não posso desistir de você. Me deixe tentar, me deixe fazer qualquer coisa, te ver algumas vezes, falar com você, até seu amante se quiser eu serei, mas Yuuki, não vire a cara assim pra mim.

- Qual seu nome, garoto?
Disse o vampiro ao cessar novamente os passos, no entanto desta vez, sequer virou-se afim de fitar o mais baixo. Kazuto e
streitou os olhos novamente, já havia dito o próprio nome a ele.- Kazuto.
- Hum. - Murmurou e retomou os passos. - Não quero você, Kazuto. Não quero seu sangue, não quero seu corpo, não quero sua vida, não quero nada seu. Não quero ser seu amigo, seu pai e menos ainda seu amante.
- Ah Yuuki, vá se foder, qual é o seu problema, estou te implorando! - Gritou e suspirou. -Que inferno... - Virou-se, indignado em tantos níveis, mas seguiria a caminho de casa.
- Sim, irei foder, quando chegar em casa. Hum.
Disse o outro, num tom que fosse audível ao garoto já distante de si, e assim como a noite passada, cruzou a esquina para o local onde residia, sumindo da vista onde o baixinho pudesse observar.

O menor adentrou a casa, chutando a porta para fechá-la que ecoou no local e deitou-se.
- Porque você é tão imbecil, Kazuto? Se você fosse mais idiota ganharia um prêmio. Eu devia mesmo me matar... É... Eu devia. - Suspirou.

Ao dar as costas, finalmente o garoto havia ido embora, e deixado nos lábios aquele sorriso satisfatório. "Como era insistente" pensou. O vampiro, passou pelo saguão do prédio até chegar ao elevador, finalmente ao adentrar a caixa de metal, pôde livrar os olhos das lentes tão escuras do acessório. Décimo terceiro andar, saiu do elevador e pelo corredor caminhou até chegar ao apartamento, o abriu ao tirar as chaves do bolso traseiro da calça. No interior do quarto, desprovia-se das roupas usadas no ensaio.
O menor fitou o estilete ao lado da cama, a mão hesitante guiou até o pescoço, sentindo as marcas deixadas por ele e pegou o estilete, os olhos se fecharam e gemeu antes mesmo da lamina encostar na pele.
- Ah, não posso fazer isso... - Jogou no chão o objeto. - Não é a mesma coisa que as unhas dele, nem os dentes.... Inferno.

Na sala, o vampiro caminhou nu pelo cômodo após desprover-se de quaisquer peças de roupa. No banheiro, a hidro preparada pela senhorita ruiva que trabalhava para si, também na mesma raça, vampira. A água, possuía a transparência vermelha, sinal do sangue misto ao liquido, e sorriu a garota, também com a curva sutil nos lábios, abandonando o cômodo somente quando teve autorização do louro, não a queria hoje. Acomodou-se, deixando o sangue manchar a pele pálida, que fora aquecida com a temperatura da água com sangue.
Kazuto resmungou, fitando o teto do quarto.
- O que ele está fazendo agora...?
Os olhos foram a janela, e a mão tocou o pulso onde havia cortado, doía, não mais que o peito. Retirou o casaco e notou a camisa branca coberta pelo sangue em sua manga, a jogou no chão e passou a mão pelo machucado, levando até os lábios e lambendo o liquido vermelho que manchou a si, a mão desceu pelo abdômen, manchando-o adentrou a calça, apertando o próprio membro, lembrando-se do toque dele na noite anterior e logo retirou a mão do local, mordendo o lábio inferior.
- Droga, o que você tá fazendo, Kazuto...?

- Senhor...
A voz da ruiva soou no cômodo embaçado pelo vapor da água. Os olhos dourados do louro, guiaram-se a figura dentre o exterior e o interior do local, e num sutil manear com a mão, indicou a garota que viesse. A pequena, tornou a fechar a porta do banheiro assim que entrou, os cabelos compridos colocados ao lado, sob um dos ombros, dando passagem as mãos para desabotoar o vestido, no fecho atrás do pescoço, e assim desfeito o laço, deixou a traje cair no chão, expondo as curvas sinuosas e perfeitas da fêmea, tendo no corpo somente as roupas íntimas, mantendo-se com tais, na cor preta. As mãos suaves, trabalhavam a banhar o corpo do louro, por vezes proporcionando massagem nos ombros, e nuca, em seguida livrando os fios lisos e claros, de todo produto usado para fixá-lo. Desceram por tórax e abdômen, a região íntima onde tocou sem pudor, acariciou entre os dedos, audível o risinho ser vergonha da ruiva, que aos poucos iniciou a masturbação no vampiro, arfou ante o toque, mas logo cessado ao se levantar, tendo ela a fazer o mesmo, servindo o vampiro com o roupão felpudo escuro, trajou a roupa de banho e retornou ao quarto, enquanto a moça ajeitava o local usado.

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