Kazuma e Asahi #4


- Vocês estão bem acomodados? Ótimo.
Asahi sorriu às pessoas paradas ali no salão e as enfermeiras cuidavam de seus ferimentos, provavelmente feitos pelos soldados tão zelosos que o outro tomava conta, ironicamente falando é claro. Seguiu em direção a porta, abrindo-a a dar a visão do lado de fora da igreja e sentia falta de poder sentir o vento batendo no rosto, aquele jardim que antes tão bonito agora era devastado pela poeira e guerra. Suspirou, mas a felicidade durou pouco. Piscou algumas vezes, tentando enxergar algo em meio à poeira que se fez presente no ar e percebeu que não estava imaginando coisas, era um lenço mesmo que estava no chão, talvez pertencesse a alguma das pessoas trazidas por ele, então caminhou para fora, pegando o pequeno pedaço de pano no chão a observá-lo.
- S.K? Sakurai... Kazuma?
Falou mais para si mesmo, lembrando-se do nome dele dito pela enfermeira dias atrás e ouviu a voz alta, como uma ordem expressa por algum militar ali perto e desviou o olhar.

- Volte para dentro padre! Está fazendo o que aqui fora?! Quer que te matem?! Seu idiota!O loiro uniu as sobrancelhas, sem entender o que acontecia devido a falta de visibilidade que tinha no ambiente e sentiu o tapa que fora desferido contra a face, fazendo a si virar o rosto com tamanha força que fora feito, mas não sentiu nada, nem um resquício de dor. Estreitou os olhos, voltando o olhar ao rapaz, sem entender e logo que o viu retirar a arma da cintura, virou-se e rapidamente seguiu para dentro, fechando a porta e trancando-a em seu interior. Que homem em sã consciência bateria num padre? Por Deus.
Negativou, agarrando-se ao pequeno lenço e guiou-se para dentro, passando pelas pessoas ali paradas, sem entender o que havia acontecido e negativou apenas, subindo as escadas em direção ao quarto, ou quem sabe, a torre do sino, onde poderia tomar algum ar não poluído.
E de fato, estava tudo tão calmo, conseguia ver claramente tudo dali de cima, deveria ter feito isso antes, ao invés de sair. Observou melhor o lenço, as iniciais gravadas e apertou entre os dedos, sentia uma especie de afeição por aquele homem, que salvara a si, assim como as outras pessoas, era como um herói não muito conhecido, porém ao se ver perdido em pensamentos, logo fora 
retirado pela pequena gota de sangue que pingou sobre o tecido macio e guiou uma das mãos até a face, limpando o sangue do canto dos lábios.
- Droga... Doença idiota.

- Senhor? Está tudo bem? Você... Foi atingido por algo? Meu Deus, está sangrando!
- Emi, Emi... Emi! Estou bem.
Ele falou à garota, que tentava insistentemente limpar a si do sangue e nem a havia visto entrar.

- Venha comigo, vou fazer um curativo.
- Curativo? Na minha boca? Não. Vou ficar bem.
- O senhor... Está pensando em alguma coisa? Posso chamar o general aqui caso queira.
- Não é necessário, acho que ele tem assuntos mais interessantes a tratar do que falar com um padre estúpido de uma igreja em ruínas.
- ... Ahn... O senhor está bem?
- Estou.... Só preciso de alguns momentos sozinho, por favor. Não estou acostumado a ter companhia.
- Certo... Se precisar.
- Hai...
Asahi murmurou a ela e esperou-a sair, o longo tempo que havia demorado, só então guardou o pequeno lenço por dentro da roupa e apoiou-se com ambas as mãos no parapeito do local, apertando o mármore entre os dedos e sentiu as lágrimas que escorreram pela face.

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2 comentários:

  1. Aeehoo, ele ta sentindo algo pelo Kazuma ><. O próximo é +18 \o/

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