Naoto e Kazuya #1

Aviso
Essa história foi descontinuada, ou seja, não temos previsão de novos capítulos, mas esse fato não prejudica nem deixa a história com mistérios não resolvidos, prometemos que ainda será uma boa leitura.


Como de costume, afinal, já o fazia todos os dias, os cabelos loiros estavam arrumados no lugar, não havia nenhum fio desarrumado e o uniforme do colégio era impecável. Os olhos azuis brilhavam na pouca luz da sala, chamativos a qualquer um que o observasse, era um dos garotos mais populares da escola, e fazia jus a isso, gostava da posição que tinha diante das garotas. Adentrou a sala de aula e sentou-se no meio da sala, deixando a mochila no chão e ajeitou os cabelos, dando um pequeno sorriso às garotas que sentavam ao lado de si e ouviu os suspiros e a conversa entre ambas. Desviou o olhar ao próprio colega de classe de cabelos ruivos e sorriu a ele, acenando com a cabeça ainda num sinal de cumprimento, esperando a professora adentrar a sala.

O outro ajustou a gravata enlaçando a branca camisa social. Aquele blazer azul sem graça sobre a roupa, cujo quase obrigatoriamente deveria usar, afinal, estava frio e não poderia usar outra roupa senão o uniforme do colegial. Deixou a bolsa num dos ombros e seguiu pela entrada até a sala o qual pouco mais de dois meses passou a frequentar. Em rumo da cadeira quase no fundo da sala, acompanhada da janela ao lado, onde poderia fugir parcialmente alguns minutos da aula. Observou os demais na classe e sentou-se no local de posse, deixando de lado a bolsa. 
Kazuya, o loiro, ouviu a voz da professora que adentrou o local, e já parecia de mal humor, mesmo logo cedo, suspirou e apoiou um dos cotovelos sobre a mesa e sobre a mão apoiou o próprio queixo, ouvindo o inicio da aula e das explicações e o aviso de que ela iria sortear o nome das duplas para o trabalho do semestre. Ouviu as meninas ao lado de si em sua discussão discreta, mas ainda assim podia ouvir o próprio nome, e deu de ombros.
O outro rapaz descansou os braços sob a mesa, com cotovelos apoiados e dedos cruzados. Os nipônicos de cor azul pálido, davam atenção à zona frontal da sala, não que fosse voltado para a professora, somente a escutava.
O loiro ouviu os nomes serem chamados e viu as pessoas se levantarem em ordem alfabética e se dirigirem a frente da sala para pegar o nome de suas duplas no pequeno saquinho com a professora, até que ouviu o próprio nome. Levantou-se e caminhou até a frente da sala, com a maioria dos olhares para si e abriu um pequeno sorriso, apanhando um dos papeis no saquinho vermelho, abriu-o e leu em voz alta o nome.
- Na... Naoto. Quem é Naoto?

Até então, o garoto já se voltava ao lado de fora da sala, observando pela janela. Ouvira a pronuncia do nome, soando quase tão desagradável quanto a voz portadora. Virou-se ao aluno em frente, alguns metros distante e se levantou.
- Naoto.

- Ah, é você. Então, é minha dupla no trabalho.
Falou alto, afinal, o outro parecia estar distraído.

Naoto observou-o, desentendido do tom com que pronunciava suas palavras.
- Sensei, eu não poderia pegar novamente? Preferia fazer o trabalho com a...
Fora interrompido antes do término.
- Deixe-o fazer comigo, Sensei.
Ouvira a voz do colega do lado, e o observou. Logo, igualmente de uma das meninas à frente.
- E eu faço com o Kazuya-kun, Sensei.

Kazuya observou a professora sem dizer nada e ouviu-a negativar em bom tom.
- É sorteio pra vocês não escolherem mesmo, quero um trabalho bem feito, e não namoros na biblioteca. É o Naoto e pronto!

Naoto assentiu numa breve curva antes de se sentar e permitir a professora prosseguir com o sorteio de alunos. E o loiro fez o mesmo, assentiu igualmente e se sentou.
Naoto anotou o tema do trabalho, e descansou logo a caneta sobre a página do caderno. Negativou silencioso e internamente com a falta de sorte. O outro, suspirou a se sentar e desviou o olhar as garotas desgostosas ao próprio lado, sorrindo de canto.
O de cabelos escuros levantou-se conforme o sinal, denunciando finalmente o fim da aula. Que por vez, passara até rápido demais. Desabotoou os iniciais botões do blazer escolar e jogou a mochila no ombro, habitualmente. Encaminhou-se até a zona frontal da sala e observou o rapaz louro.
Kazuya se levantou igualmente aos outros e despediu-se das garotas uma por uma com beijos no rosto, acenando em seguida e logo desviou o olhar ao outro, lhe abrindo igualmente um sorriso, talvez fosse provocante, porém, nem se quer o notou.
Naoto observou a curva desprovida de ingenuidade, não que pensava existir ali alguma tentativa de sedução, de modo apenas abaixou a direção da face e logo que erguera, voltou-se a porta.
- Precisa que o trabalho seja iniciado hoje?

- Seria bom, não vou ter muito tempo no fim de semana.
O loiro abriu a porta a dar passagem ao outro, que a
ssentiu em silêncio positivo da cabeça e passou à frente, como fora lhe cedido espaço. Kazuya seguiu com ele, em passos calmos até a biblioteca. Naoto suspirou em desvontade e deixou a bolsa sob a mesa na biblioteca, em rumo das longas prateleiras, onde tratou de ir à seleção do livro necessário. O outro deixou a própria mochila sobre a mesa e estreitou os olhos, seguindo atras do outro.
- Hey, qual é o seu problema?

Naoto ouvira-o bem, mas não fez questão de lhe ceder atenção. Abriu o livro numa página qualquer se voltou a ele.
- Hum?

- Porque todo esse desgosto em vir aqui comigo pra fazer um trabalho? Qualquer um daquela sala daria tudo pra isso.
- Não estou desgostoso, apenas não tenho nada a tratar com você senão o trabalho.
- Mas não precisa ficar com essa má vontade toda, você vai acabar gostando de mim.

- O que te faz pensar que estou com má vontade?
- Seus suspiros arrogantes.
- Eles incomodam você?
- Um pouco.
- Por que?
- Porque faz parecer que não quer estar comigo. Você é bem teimoso.
- Mas eu não quero mesmo.
- Todo mundo quer.
- Todos querem porque você quer que todos estejam com você. Eu não sou todo mundo.
- Você é bem estranho. - Riu. - Mas não me importo. Que livro precisamos?
- Você é quem é o estranho.
- Ah, eu fico sentado no fundo da sala sendo anti-social?

- Não sou anti-social. Estou falando com você. Eu só não acho que eu preciso conversar com as pessoas e nem sorrir pra qualquer um.
- Claro. Então, o livro.
- Pode pegar o outro. - Naoto encaminhou-se de volta à mesa.
Kazuya assentiu e buscou o livro na prateleira, voltando junto dele ao local, sentando-se ao seu lado e juntou pouco mais a cadeira a dele. Naoto o observou de esguelha, porém logo de volta ao livro. O caderno repousado na mesa, a caneta que vez outra tingia a folha com letras, marcando algumas anotações lidas no livro. O loiro sorriu de canto, anotando as coisas igualmente no próprio caderno e desviou o olhar sutilmente ao caderno dele.
- Viu, anti-social, acho que você errou algo na última linha.

Naoto cessou a escrita e observou a folha.
- Aonde?

Kazuya levou a própria caneta ao caderno dele e desenhou rapidamente o rosto do outro, emburrado. Naoto observou o passeio da caneta pela folha, adornando-a com o desenho sem necessidade de estar ali. Virou-se, observando-o. O loiro riu.
- Viu, esta igual.
O outro se voltou a folha do demais, igualmente o formulando na página, o contrário do desenho de si, detinha-se com traço exageradamente sorridente.
- Ah, eu me pareço com essa coisa?
- Sim. Idêntico.
- Ah, que exagero. - Riu.
- Não é exagero. Você sorri forçado o tempo todo.
- Que mentiroso, não é forçado.
- Então você é um bobo alegre.
- Não, ser feliz não é ser um bobo alegre.
- Você não deve saber o que é ser feliz.
- E você sabe? Como é dentro da sua bolha?
- Bem, é confortável aqui dentro.
- Pois se sentiria bem confortável fora dela também.
- E o que quer dizer "Estar fora"?
- Falar com as pessoas.
- Eu falo, nunca ignorei alguém.
- Claro, espertinho. O que acha de fazermos o trabalho em dupla e não individualmente?
- Estamos fazendo.
- Não, você estava escrevendo e eu também, mas não conversamos sobre ele.
- Eu não sei o que precisamos conversar, estamos anotando um resumo breve do assunto, depois encaixaremos o que for necessário. Você é quem gosta muito de falar.
Kazuya permaneceu um pequeno tempo a observá-lo e piscou algumas vezes.
- Alguém já te falou alguma vez que você é chato?

- Estou ouvindo pela primeira vez agora.
- Sim, eles deviam ter falado antes.

- Não, porque geralmente eu não sou somente "suportável" com as pessoas que considero.
- Sei, claro, estou vendo.
- Não, não está. Porque eu não gosto de você, por isso não vejo razão para tratá-lo bem.
- Você nem me conhece.
- E pelo que mostra, não tenho interesse de conhecer.
- Bem, como quiser, só quero terminar o trabalho.
- Não pareça afetado, afinal, você mesmo disse, as pessoas dariam tudo para estar aqui, não é? Aliás, não prefere que eu faça o trabalho e acresça seu nome? Assim não precisa da minha companhia chata.
- Não sou esse tipo de pessoa, gosto de fazer as coisas, não deixar que os outros façam.
- Então se quiser, pode por meu nome.
- Não, o trabalho é nosso, se for embora a professora vai saber.
- ... - Naoto suspirou e assentiu. Voltou-se, o encarando.- Sobre o que precisamos falar?

- Acredito que precisaremos do laboratório de química livre em algum dia pra fazermos alguns testes.
- Mas e hoje?
Kazuya desviou o olhar a ele.
- Estou tentando te explicar o que precisamos fazer.

- Eu quero saber o que devemos fazer hoje, Kazuya.
- Não da pra falar com você.
- Por que?
- Porque não, você age como um ser insuportável.
- Não estou agindo de forma alguma, eu apenas perguntei. O que precisa?

O loiro observou o livro por alguns segundos e apontou a página.
- Não consegui entender direito o segundo parágrafo.

Naoto observou no livro onde apontada sua dúvida, e voltou-se a própria folha, observando o desenho a pouco feito por ele, riscando-o com a caneta.
- São os hidrocarbonetos alifáticos. Como já sabe os alcanos, que não possuem nenhuma ramificação ou ligação, alcenos que possuem as duas e alcinos que possuem até três ligações na fórmula.

O loiro continuou observando o livro e assentiu apenas.
- Através dos alcanos vamos ver a reação do combustão.
- Acho que eu compreendi.
- Veja, CH é a fórmula molecular. O carbono, o carbono formado tem 4 de hidrogênio e de torna completo, quando ele não tem os 4, a partir do C mais um H, já forma um hidrogênio, nisso você adiciona mais três para completar os quatro e assim o carbono está completo.

- Entendi, não é tão complicado.
- Iie. Mas você deve ver o tanto de ligações que cada carbono tem. Se ele for por exemplo um butano, que possui quatro ligações distintas. O segundo carbono já vai possuir dois hidrogênios, porque ele tem o próprio H que conta como um, e os hidrogênios das ligações, no caso, já possuiria dois hidrogênios, assim somente necessário a adição de dois deles.
Kazuya observou o outro em seguida após a explicação.
- É CDF ainda.

- Não sou CDF, isso não é difícil de pegar.
- Mas estuda bastante.
- Não estudo bastante, você quem não presta atenção.
Kazuya estreitou os olhos.
- Você gosta de me atacar

- Não estou atacando, estou falando a verdade.
- Eu presto atenção na aula.
- Bem, se diz.
- Bem, eu vou passar na secretaria e reservar a sala de química. Que dia é melhor pra você?
- Nas terças ou quartas está bom.
- Terças, então ok. Mas acho que não é suficiente só estudar aqui na escola, você pode ir até a minha casa se quiser.
- Não seja tão preocupado com esse trabalho. Mas de qualquer forma, se prefere assim, que seja.
- É o trabalho que da mais pontos do semestre, e você mesmo não disse que não presto atenção? Preciso tirar notas boas. Vamos?
- E você insiste que presta atenção, por isso não deve se preocupar. De qualquer forma ele será finalizado.
- Hum. Quer uma carona, senhor CDF?
- Não, não quero que pensem que tenho algo com você.
Naoto ajeitou as coisas na bolsa e deixou-a sob o ombro novamente. O outro a
rqueou uma das sobrancelhas.
- Que pensem que tenho algo com você?

- Sim. No fim você fica com qualquer pessoa, seja homem ou mulher.
Kazuya observou-o por um pequeno tempo e riu.
- Eu Fico é?

- Sim.
- Que tipo de pessoa acha que eu sou?

- Exatamente o que mostra ser.
O loiro riu novamente.
- Certo. Da pra ver como você tem uma mente pequena sobre as pessoas.

- Não, talvez sobre você. Ah, e não exatamente o que mostra ser, talvez aja de uma forma conveniente pra esconder algo ou a si mesmo, quem sabe. Pessoas que tendem a buscar amizades demais, parecem carente pra mim. Mas... Um ambiente cheio, continua deixando uma pessoa vazia. - Deu de ombros.
O sorriso sumiu dos lábios do loiro por alguns segundos e logo após riu, observando-o.
- É isso o que acha?

Naoto tornou a dar de ombros.
- Bem, até logo, Kazuya. - Talvez tivesse lhe sorrido um pouco.

- Até logo. Naoto, certo?
- É, algo assim, algo assim.
O outro se voltou a porta e logo deixou a biblioteca do colégio. Kazuya o o
bservou sair e abriu um pequeno sorriso, porém consigo mesmo, bem, quem sabe não o fizesse gostar de si, de um jeito ou de outro.

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2 comentários:

  1. Gostei demais!!! Apesar de estar achando o Kazuya convencido e arrogante, peguei amorzinho pelo Naoto <3

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    1. Haha ♥ Quem sabe você não gosta dele mais pra frente? As aparências enganam hein?

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