Ikuma e Taa #1


O rapaz de cabelos brancos e médios se sentava próximo ao balcão, observando o copo de bebida, nem tão cheio nem tão vazio, que amargava a garganta a cada gole que dava, mesmo assim, como um viciado, não conseguia parar de beber. A luz brilhava no céu, e não tinha verdadeiramente nenhum outro lugar pra ir. Todos os integrantes da banda estavam por ali, aproveitando a noite, bebendo e conversando com algumas outras pessoas como um mero passatempo, mas era o único que não conseguia se divertir.
Estava ali por pura obrigação, de fato, não procurava ninguém para conversar, nenhum parceiro ou algo além daquele copo, estava chateado, como já estivera há dias atrás, gostava de alguém, mas essa mesma pessoa, não dava a mínima para si, na verdade, namorava outra pessoa. Era homem e gay, disso tinha certeza, e sempre fora ativo. Recebia alguns olhares estranhos, devido as roupas que usava, mas havia acabado de sair de um vídeo clipe, era vocalista e para si era normal usar o jaleco coberto de sangue, porém não se dava conta de que para os outros não era tão comum assim, e parecia estar indo para uma festa a fantasia, se os demais amigos não estivessem de mesmo modo. Retirou o casaco, dobrando-o a permanecer apenas com a camisa branca e calça de mesma cor, levantando-se e seguiu em direção à saída, tocando um dos amigos no braço e murmurando próximo de seu ouvido.
- Já estou indo embora, não estou com ânimo, diga que estarei no estúdio às três amanhã.
- Poxa Taa, não vai ficar nem pra gente brindar o novo álbum?
- Não, não estou muito afim, talvez outra hora.
- Ta bom então, boa noite!
O vocalista sorriu, e endireitou-se, seguindo em direção para fora do local, quando deu de frente com um rapaz e xingou-o mentalmente umas duzentas vezes até olhar seu rosto, um loiro, bonito até demais, de traços suaves e olhos estranhos que pareciam reluzir na luz. O problema fora que toda a bebida que havia no copo dele, fora direto para a própria camisa.
- Porra! Você não olha por onde anda? Caralho!
- Opa, sem querer. Deixa eu dar uma...
E o loiro tocou a camisa dele, tentando ajudar a limpar, embora inútil e só estivesse piorando a situação.
- Não! Está piorando! Que merda! Tira a mão de mim.
- Nossa, como você é estressadinho, ah? Que culpa eu tenho que eu estava atravessando o salão e você ficou bem na minha frente.
Taa analisou o rosto do loiro e viu em sua face o sorriso cínico evidente, e claro, se irritou com isso.
- Fez de proposito, seu filho da puta?
- Eu? Por que eu faria isso de propósito?
- Você fez de propósito!
O loiro riu e negativou, puxando o outro consigo a caminhar pelo local, como se fossem amigos há anos e o vocalista arqueou uma das sobrancelhas, sem entender praticamente nada do que estava acontecendo, logo se viu sentado num sofá ao fundo do bar junto do outro e arqueou uma das sobrancelhas.
- Que porra?
- Estava indo onde, ah?
- Pra casa, espera, isso não é da sua conta, o que eu estou fazendo aqui?
- Te trouxe para conversar.
- Conversar? Quem é você?
- Ikuma - Ele disse entre alguns goles da bebida. - Vocalista do AND.
- Ah, eu já vi um clipe seu, na semana passada para ser mais exato.
- Ah, é? Você é o Taa, certo? Vocalista do LuLu. - Ele sorriu.
- Como sabe... Minha banda não é tão famosa quanto a sua.
- Ora, você esta aparecendo bastante também.
- Ah. Mas o que você quer afinal?
- Só te encher o saco. Queria ter a chance de conversar com você antes, infelizmente isso só foi possível agora.
- Que coisa inútil.
O loiro sorriu, mordendo o lábio inferior.
- Nossa, está estressadinha hoje, ah?
- Pare de falar comigo no feminino, idiota.
- Ih, é caso amoroso? Me fala.
- Que caso amoroso? Não te interessa, nem somos amigos. Por que diabos eu estou aqui falando com você?
Ikuma riu.
- Hey, sabe o que você me lembra? Uma lagartixa. Acho que vou te chamar assim agora, lagarta.
Taa estreitou os olhos.
- O que? Não gostou do apelido?
- Não, não gostei.
- Ora, não seja rabugento. Me conte, o que anda acontecendo?
- Você não vai me deixar em paz enquanto eu não falar, não é?
- Basicamente.
Taa suspirou, sabendo que teria muito para contar e teria que resumir se não quisesse ser chato como os amigos estavam taxando a si.
- Eu gosto de uma pessoa, mas... Ele tem namorado. - Riu. - E eu me sinto patético falando isso pra você, porque eu nem te conheço.
- Não se preocupe, lagarta, por não sermos amigos eu não vou julgar você, certo?
- Certo, princesa.
Disse Taa, tentando irritá-lo de mesmo modo.
- Então, prossiga.
- Não tenho muito o que prosseguir, é isso e... Isso me deixa meio chateado, quero ir para casa.
- Não devia ficar tão melancólico, hum. Pense que ele não está assim por você agora, por que deveria ficar por ele?
O de cabelos brancos o observou, assentindo.
- É, talvez tenha razão.
- Então.
- Você namora?
- Aham, uma moça. É bom especificar, hoje em dia.
Taa riu e assentiu, desviando o olhar para a bebida do outro, que parecia meio vermelha e tinha um odor estranho.
- Você está usando lentes de contato?
- Eh? Ah não, esses são meus mesmo.
O outro se afastou, sutilmente.
- Mas estão... Eu vou indo.
- Já? Mas acabamos de sentar para conversar.
- Ah, eu sei, mas tenho que voltar para casa.
O loiro abriu um pequeno sorriso malicioso e assentiu.
- Bem, foi bom conhecer você, lagartinha. Espero que chegue bem em casa.
- Hum, digo o mesmo...
O maior se levantou, e tinham uma diferença de altura meio considerável, uns dez centímetros talvez, despediu-se do outro, que permaneceu sentado e em alguns passos, se viu fora do local, nem se lembrava do porque havia se sentado com ele, nem porque estavam conversando, nem quando havia recebido um novo apelido, mas se sentia um pouco melhor. E havia até de esquecido da camisa suja, só notou quando sentira o vento bater contra o peito e estremeceu, desviando o olhar para baixo e notou a mancha.
- Filho da...

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