Kazuma e Asahi # 6


O dia seguinte fora de fato, bem estranho. Não havia se levantado, justamente porque achava que sentiria aquela dor forte no corpo, nos quadris, mas nada veio, fora somente temporário, com ele. A garota bateu na porta, ao perceber que não havia levantado e num sobressalto acordou do sono em que estava.
- Eh?!

- Padre? Posso entrar?
Asahi Uniu as sobrancelhas, meio atordoado e virou-se, devagar pela cama, observando o chão com algumas manchas de sangue, os lençóis sujos de mesmo modo e as lâminas no chão espalhadas.
- Iie

- Estou preocupada com o senhor... Digo, o senhor não desceu hoje e já são oito horas da noite!
- Eu estou bem, Emi, obrigado... 
- O senhor precisa comer...
- Eu já vou descer...
O loiro falou a ela, esperando que compreendesse e ouviu o som do suspiro vindo do lado de fora, de fato, sentia falta de quando estava sozinho e não precisava se preocupar com a preocupação dos outros. Negativou, abaixando a cabeça e mordeu o lábio inferior, ainda se lembrava do corpo dele ali, como se ainda estivesse consigo, e estava confuso, não sabia se deveria realmente pensar que havia feito aquilo, 
sentia como se tudo fosse apenas um sonho, distante para se lembrar de algo com exatidão. Mas a chuva ainda caía sobre a janela para lembrar a si que ele de fato estivera ali, os machucados, feridas abertas, tudo lembrava, mas a dor... Não estava mais presente em si, não a sentia mais. Levantou-se, quase caindo de volta para a cama, tentando se apoiar em pé, as pernas trêmulas e logo pegou a própria batina sobre a cadeira, vestindo-a sobre o corpo despreocupadamente, claro, após limpar-se dos resquícios de sexo que havia feito na noite anterior... Precisava realmente de uma enfermeira, analisar se tudo estava bem consigo, se não tinha nenhum osso quebrado, aquele mesmo cuidado exagerado que a mãe tinha consigo quando era criança, mas o que se perguntava era porque, porque na hora com ele ali sentia toda aquela onda de prazer percorrer o corpo com um toque mais rude e depois, tudo sumia, como se nada tivesse acontecido. Existem vários avanços na área de psicologia lembrou-se de ter dito a ele, e lembrou-se de ter lido algumas matérias quando mais novo também, mas naquela época, não havia dado tanta importância. Negativou, era um padre, então era certo acreditar em milagres, ou não? Não, não era tão ingênuo assim. Saiu logo do quarto, descendo as escadas e acenou com a cabeça para a enfermeira sentada ali, e que se preocupava consigo. Jantou e quando satisfeito, seguiu escada acima para o quarto novamente, fora quando sentiu o braço segurado e apertado, sobre a ferida que havia feito com a lâmina no dia anterior, nem piscou.
- Então é isso.... Você não sente dor!
Asahi arqueou uma das sobrancelhas.
- Fale baixo, criatura. Não quero que ninguém saiba disso. - Falou à enfermeira, estreitando os olhos.

- Senhor, o que aconteceu na noite passada? Eu vim procurar o senhor e... Vi Sakurai saindo de seu quarto.
- ... Você não sabe o que viu.
- Eu sei sim, eu vi.
- Cale a boca! Se contar isso pra alguém eu...
O outro falou a ela, e notou-a se encolher a se afastar de si, só então notou que estava aumentando a voz para uma pessoa que nem culpa tinha, e nem devia fazê-lo. Suspirou, tomando a própria posição novamente e segurou a mão dela, puxando-a consigo para dentro do quarto onde já havia guardado as lâminas e limpado o colchão e lençóis. Indicou a ela que ficasse de pé em frente à cama e deslizou para baixo o zíper da roupa que usava, retirando-a, dando espaço a ela para ver o próprio corpo coberto agora apenas pela roupa intima e viu seu rosto de tornar róseo e logo vermelho, desviando o olhar rapidamente.
- Vire-se, pode olhar, não vou encostar em você, quero que analise os machucados.
Ele disse a ela, e sabia que ela não iria se calar enquanto não desse o que ela queria, que era simplesmente, cuidar de si, e era melhor assim, do que ouvi-la falando para os outros o que andava fazendo.

- Meu Deus, padre...
- Escute, Emi, vou deixar você cuidar de mim... Mas eu não quero que fale disso, pra ninguém, está ouvindo? Ninguém. 
- S-Sim senhor...
- Ótimo...

Kazuma abriu a porta a deixar o molho de chaves no móvel posto ao lado da entrada. Desfez-se prontamente do casaco militar e foi então que pensou sobre a sensação de leveza que sentia pós sexo. Sentia-se satisfeito e talvez devesse estar confuso mas não estava, havia acabado de ir pra cama com um rapaz de vinte e cinco anos e que até então virgem. A mão ainda ardia suavemente pelo tapa que lhe dera antes e com um sorriso lateral lembrava-se de como aquilo soava cômico se analisado. Havia comido um padre, concluiu e soou como um pecador, o que já era um há muito tempo. Tragou a dose de uísque no copo cujo o serviu, sentindo descer o líquido amargoso e envelhecido por alguns bons anos e tão logo abandonar o vidro acima do pequeno móvel canteiro. Tiraria a camisa, tiraria as roupas inferiores e mesmo a peça íntima que ainda denunciava a estadia à cama do homem religioso, tomaria um banho e bem, aproveitaria a sensação de estar sexualmente satisfeito, deixaria as neuras para ele mesmo afinal, ele era o padre, e a si um militar, já não era alguém que precisaria pensar sobre quantas coisas erradas já havia feito. Quem sabe continuasse a torná-lo um pecador. 

Compartilhe:

DEIXE UM COMENTÁRIO

1 comentários:

  1. Achei que o Asahi continuaria sentindo o que Kazuma havia feito e não que sumisse do nada, surpreendente!To curiosa pra saber como tudo isso vai se desenrolar

    ResponderExcluir