Ikuma e Taa #3


Havia acabado mais um ensaio e Taa caminhava pela mesma calçada que havia caminhado no outro dia, até pôde ver dali o banco e se sentia mal por ter acertado o outro no rosto, mesmo ele tendo provocado. Se ao menos pudesse se desculpar... Ele era irritante, mas gostava dele ao mesmo tempo, embora o tivesse encontrado tão poucas vezes. Ele era meio estranho na verdade, não sabia descrever nem o porque ainda falava com ele.
Sentou-se ali no mesmo banco, e manteve-se silencioso, retirou o celular do bolso e analisou as chamadas e mensagens, já havia um tempo que havia enviado uma mensagem para o garoto com o qual ficava, mas não tivera resposta, certamente estava com o namorado, e certamente estava sendo trouxa se preocupando com ele. Negativou, já puto e guardou o celular novamente no bolso, irritado, quando viu os cabelos loiros que passavam por ali na calçada do outro lado da rua e levantou-se rapidamente.

- Ô viadinho! - Cruzou os braços, arqueando uma das sobrancelhas, num sorriso meio torto. - Como você está, princesinha?
- Hey... Ótimo. E você, lagarta?
Disse o loiro a se voltar a ele, cessando os passos.
- Estou bem, desculpe por aquele dia, ne.
- Pelo que? - Na face, os traços esboçaram um ar pensativo, e dera ênfase a ele conforme levara uma das mãos ao queixo. - Hum.. Ah, o carinho que fez em mim? Ah, tudo bem.
- Não, não foi o soco, foi o modo como agi.
- Que modo agiu?
- Fui imbecil, estava chateado com algumas coisas.
- Oh, lagarta, não precisa se desculpar, adoro domar as pessoas. - Sorriu não muito amistoso.
Taa estreitou os olhos.
- Porque estou pedindo desculpas a um idiota?
- Uh, vai lá saber.
O loiro soou indiferente com as palavras, e deu continuidade ao sorriso exposto segundos atrás.
- Vou me arrepender de perguntar isso, mas quer fazer alguma coisa?
- Contanto que não me passe Aids.
- Se continuar falando isso eu juro que eu te passo.
- Ah, tente a sorte, lagartixa.
- Ah não vou me sujar com você.
- É, poupe sua pele imunda de se apaixonar pela minha.
Taa eiu alto e estreitou os olhos.
- Me apaixonar por você?
- Exatamente. Não queira chorar de novo, Lagartinha.
- Chorar? Querido, eu não amo nada em você e nunca vou amar.
- Amor à primeira vista não existe, Lagarta. Não diga isso, não queira quebrar a cara. Mas bem, fico até feliz que pense assim. Vamos lá, estou cansado de amigos bichas, seja macho, certo? Até te acho um pouco legal.
O maior riu.
- Não vou me apaixonar por você.
- Ótimo. Vamos beber. Eu cuido de você pra não cair dentro do copo, lagartixa.
- Vamos, vou te deixar largado na rua depois.
- Não perco o controle. Ah, cuidado pra não se foder mais, sua aparência não está muito boa, talvez esteja com câncer também, então modere na bebida.
- Ah, eu vou morrer um dia, que se foda.
- Já deve estar perto. Então vamos beber antes que isso aconteça.
Ikuma dera somente a volta para o lado direto, já próximo, acabara de comprar o box de cigarros naquele bar, que novamente se fez presente. Adentrou-o, mexendo no bolso da jaqueta, de onde tirou os cigarros recém comprados e serviu-se com um dos pequeno cilindros de nicotina, acendendo-o com o zippo, logo voltou a guardá-los no bolso interno do traje. O ar poluído era capaz de ser visto, com a grande cortina de fumaça que pairava no bar, acima da mesa de sinuca onde estavam os jogadores. Sentou-se no banco estofado de vermelho, próximo ao balcão. O de cabelos brancos tossiu, observando tudo a volta e como parecia agitado.
- Caralho, agora eu morro de câncer mesmo. - Sentou-se ao lado dele e espreguiçou-se.
- Ah, fala como se não fumasse. - Apoiou os cotovelos sobre o negro balcão, levando uma das mãos aos lábios para se prover do cigarro e tragá-lo novamente. - Peça algo aí.
O outro vocalista suspirou, olhado as bebidas no cardápio.
- Ah odeio escolher bebidas, escolha algo.
- Hum, não sou acostumado com bebidas assim. Então, que seja vodka mesmo.
Os copos foram imediatamente colocados sobre o balcão e preenchidos com o líquido transparente e dois cubos de gelo. Ikuma serviu-se tão imediato quanto fora servido, experimentando.
- ... Boteco...
Taa riu baixo e experimentou a bebida.
- É... - Bebeu a bebida toda do copo de uma vez.
Ikuma deixou alguns minutos o repouso da bebida, esperando que o gelo desse frieza ao líquido ardente. O maior observou o outro e riu baixo, pedindo outra dose para si.
Ikuma sorveu uma pequena quantidade do álcool, provando sua temperatura e então lhe golou inteiramente. Cerrou uma das pálpebras, sentindo o arder da garganta e sorriu mais consigo mesmo. 
- O que foi, princesinha?
- É bom.
O loiro comentou e descerrou a pálpebra. Dera um novo trago no cigarro e com o manear da mão, pediu a segunda dose. 
- Hum...
Taa pegou o copo sobre o balcão e bebeu um gole da bebida, indo mais devagar dessa vez.
- Sou um príncipe forjado, Lagarta. Vamos fingir que não sei o que é vodka pura em botecos esquecidos na cidade.
Ele piscou ao outro, conjunto a leve curva marota que apossou-se dos lábios num sorriso e fora morto assim que encostou o cristal nos lábios, tomando a nova dose de bebida. 
- Cahan, princesa. - Taa murmurou e virou a dose da bebida.
- Tá, vou fingir que isso me incomoda também, só pra não te fazer mais miserável do que já é.
Disse o loiro após pousar o copo sobre o balcão. Igualmente fez com o cotovelo, que dera apoio à face na palma da mão. Os olhos em direção alheia, semi cerraram-se assim que tragou a ultima vez o cigarro e após apagá-lo, jogou a bituca sobre o rapaz esguio de cabelos acinzentados. Taa desviou num sobressalto e pegou a bituca do cigarro, cuidadoso a deixar sobre o balcão.
- Eu devia fazer você engolir essa porra.
- Porque não tenta?  - O menor indagou ainda a fitá-lo, e dera um outro gole na bebida.
- Ah Ikuma, vá se foder.
- Vou passar a cumprir as ameaças que você não cumpre.
- Eu disse "eu devia" não que eu faria.
- Estou dizendo, não ameace se não for fazer, irei retrucar, Taaís. - Sorriu.
- Pare de me chamar de Taais.
Ikuma riu e voltou a atenção à bebida, terminando-a. Enquanto buscava o terceiro cigarro, retirando a caixa pequena do bolso do casaco, fizera um terceiro pedido da bebida, e mais gelo. Pôs o cigarro em meio aos lábios e acendeu-o com o acessório próprio à isso. Os olhos se voltaram a face do rapaz a frente a aproximou-se, expelindo a fumaça próximo as suas narinas. O outro tossiu e pegou o cigarro dele, apagando-o no balcão, suspirou em seguida.
- Melhor assim.
O maior arqueou uma das sobrancelhas e pegou o cigarro, levando-o apagado aos lábios.
- Anda, acenda-o.  
- Não.
O cotovelo do loiro continuava apoiado no balcão, e qual dava apoio a face levemente inclinada, e descansada sobre a palma. Cerrou as pálpebras e suspirou. Voltou a proferir.
- Acenda-o.
Taa estreitou os olhos.
- Não vou acender, porra.
O outro descerrou as pálpebras, tornando a expor as íris azuis que tonaram-se fixas na imagem em frente.
- É melhor acendar, antes que eu o obrigue a fazer isso. - Sorriu.
- Vou repetir, eu-não-vou-acender.
O sorriso fora mantido na arqueação do lábio, e logo acompanhado ao som nasal. A mão do maior tateou o próprio corpo, buscando o local onde guardara o zippo. Tirou o metal do bolso e levou-o para dentro da calça em couro que trajava, abaixo da peça íntima. Levantou-se, e dera firmeza a mão, que agarrou um dos pulsos alheios, o mesmo fez com a outra ao segurá-la e guiá-la para dentro da peça íntima, sendo acompanhada com a própria, prevenindo-se de algum ataque vindo do rapaz. O fez segurar o utensílio e por fim tirou a mão alheia da proximidade do íntimo, guiando-a frente aos lábios cujo mantinha um sorriso perverso, e não muito forçado, era sutil, mas ainda assim podia ser irritante.
-  Anda, acenda-o se não quiser ter a mão ali novamente.
Taa estreitou os olhos, puxando a mão assim que ele a colocou na calça e suspirou, pegando o isqueiro como o outro queria. Acendeu o cigarro e deixou o isqueiro sobre o balcão, irritado com o outro.
- Não me incomodo nem um pouco de colocar a mão ai dentro, mas sinceramente, tenho muito medo da última vez que você tomou um banho. Não faça isso de novo. - Limpou a mão na calça e pediu outra dose da bebida.
Ikuma o soltou assim que aspirou grande quantidade de fumaça aos pulmões, infectando-os ainda mais. Deu um risinho debochado e levou a mão ao cigarro, deixando-o entre os dedos.
- Ah, é, você é bicha.
- Sim, eu sou, e não tenho vergonha disso.
Taa levou o copo até os lábios, bebendo alguns goles da bebida.
- Ah, que maravilha. Espero que diante de teus olhos eu realmente seja uma princesa. Afinal, é de homens que você gosta, não?
Ikuma falou sem dar-lhe atenção a face, e sim ao homem velho atrás do balcão, a qual servira uma nova dose da bebida e deu um pequeno gole inicial.
- Já falei que não gosto de você, viadinho. - Virou o restante da bebida do copo.
- Eu não disse que gosta. Só felicito-me de não correr o risco. E não sou você, morde fronha. Então não use seu apelido em mim.
- Tá, fale o que quiser, eu nem ligo. - Taa suspirou e novamente pediu outra dose, bebendo toda a bebida. - Chato.
- Hum, é tão interessante provocar você.
O maior comentou descontraído e pegou a quinta dose deixada sobre o balcão. Tomou-a em dois goles seguidos e passou a analisar as bebidas atrás do velho homem servente. 
- Tô sabendo já, você faz isso sempre. Mas eu gosto de você. - Taa riu, pedindo uma dose de wisky.
- Não, não goste de mim.
Ikuma riu com repugnância, falsamente atuada, era óbvio porque ficava ali irritando o outro, gostava de estar perto dele, mas não tinha muito o que fazer, então, simplesmente o irritava para que ele de alguma forma, não ficasse triste. Por fim pediu igualmente a dose de Whisky, mista com o martini, e acompanhada com a azeitona, a qual tirou do drink e colocou no copo alheio.
- Não gosta dessa coisa...
- É, você é um babaca bem legal.
Taa pegou a azeitona, levando aos lábios e bebeu um gole da bebida.
- Ah, não.. Não goste de mim, já disse. Me odeie, é menos nojento. - Degustou a bebida aos poucos, até esvaí-la do cristal raso.
- É, vou matar você. - Bebeu o restante da bebida.
- Tente, Lagarta, cuidado pra não acabar em baixo da sola do meu coturno.
- Que medo de você...
- Tenha medo.
- Não.
- Aham.
- Não.
- Não precisa admitir.
- Porque eu teria medo de você, princesinha?
- Porque deveria.
- Me de um motivo.
- Você não me conhece é um deles.
- É, é relevante.
- Mas vai fazer o que? Colocar minha mão na sua calça? - Ikuma riu, um riso curto e abafado entre os lábios cerrados. - Não, isso te faz gostar.
- Exato.
- Ah, cara, até te achava legal, está começando a parecer mais gay que o normal.
- Já falei pra não se preocupar com isso.
- Não estou preocupado, é realmente interessante te encher o saco.
O maior sequer proferiu algo, o olhar indicativo, fez a nova dose preencher o copo mediano, a qual logo levou aos lábios e saboreou a doce bebida.
- Ah estou ficando tonto. - Taa observou o próprio copo, rindo baixo.
- Ah, depois seria eu quem ficaria na rua, uh.
- Eu tô bem.
- Aham.
- Sério, tanto que daqui a pouco eu caio. - Riu
- Volte ao seu habitat, Lagartixa.
- Cala a boca que eu estou de boa.
- Tá, veremos. Vou te deixar aqui.
Ao velho, Ikuma devolveu os copos, mas analisou novamente as bebidas. Optou pelo bom absinto, não apreciava há tempos. Pegou a dose e levou-a aos lábios, dando um longo gole inicialmente. Novamente a mesma feição expressa, assim como com a primeira dose de vodka, sentia o líquido queimar a garganta. Forte, suspirou notavelmente audível e colocou o drink sobre o balcão. Taa virou-se e o fitou, observado o líquido esverdeado.
- Isso é bom?
- Não sei, não sinto minha garganta...
O maior estreitou os olhos.
- Fraquinho.
- Esse com certeza é o pior absinto que já tomei na vida. Eu sou fraco? - Gargalhou. - Cala boca, bichona. Olha seu estado.
- Ah eu estou bem. - Estreitou os olhos.
- Está. Está sim. Afogue as mágoas, minha cara largatixa.
- Afogar as mágoas? Até parece que eu ia começar a chorar histericamente.
- Ah, afogar as mágoas não é o mesmo que chorar histericamente, Lagarta.
- Ah não tem nada de errado.
- Tá tá, beba e cale a boca.
Taa pediu mais uma dose de wisky e logo virou o copo, bebendo toda a bebida.
- Daqui a pouco você engole o copo.
- Provavelmente. - Riu
- Não quero assistir nada que me deixe sem dormir. 
Taa suspirou e abaixou a cabeça.
- Ah eu odeio essa droga toda...
- Não quer mais ser uma lagarta? - Ikuma provocou, certamente fez-se de desentendido, afim de importuná-lo.
- Vá se foder, Ikuma.
- Ah, Taaís, você não cansa que falar isso, uh.
- Não, quero que você vá mesmo!
- Hum, sei...
Ikuma voltou a mesma posição anterior, a qual apoiava o cotovelo no balcão e a face descansava. Os olhos foram direcionados à bebida e pegou-a, terminando com uma nova careta.
- Isso deixa a boca dormente.
Taa riu, repousou os braços sobre o balcão e a cabeça sobre os mesmos.
- Vá dormir na sua folha, lagarta.
- Não vou dormir, doente mental.
- Ah claro, estou vendo, aidético.
Taa o fitou e sorriu.
- Estou tonto..
- ... Percebi. É bom ir pra casa antes que capote aí.
- Se eu conseguir sair daqui. - Levantou-se, apoiando no balcão.
A mão anteriormente dando apoio ao rosto, Ikuma levou frente a face tapando-a, e friccionou as têmporas.
- Vou adorar te ver cair.
- Ah, me ajude ô princesinha.
- Não. Realmente quero te ver cair.
- É? - Sentou-se novamente. - Então não vai ser hoje
- Vai, vai cair, só não vou ver.
Ikuma se levantou e esperou a conta ser marcada no papel.
- Mais alguma coisa, Lagarta? Vou te deixar aqui agora. - Sorriu maldoso.
- Nããão, Ikuma, é sério.
O loiro não conteve o riso e gargalhou, mas nada exagerado. Um riso debochado, e ao mesmo tempo um tom maldoso.
- Isso é tão divertido.
- Desgraçado...
- Tá, cara. - Dera tapas fortes sob as costas alheias, e apertou-o no ombro. - Vou te fazer companhia, lagartixa
Taa gemeu baixo e encostou-se no balcão.
- Aaaai, caralho.
- Poxa, seu gemido quase me deixou com tesão.
O loiro se sentou novamente no local onde estava anteriormente.
- Cala a boca e sai com esse pau de perto de mim.
- Ah, claro. Agora vou te deixar mesmo. - Levantou-se novamente. - Não quero usá-lo em você, lagarta, não gosto de zoofilia, ou outros tipos de relações sexuais extraordinárias.
- Você é muito idiota... Vai, vai embora, eu ligo pra alguém vir me buscar.
- Uhum, vá ligar.  - Dera novos tapas sob o ombro alheio. - Boa companhia, Lagarta. Até mais, uh.
- Desapareça...
- Ah, você é tão chato. Devia bater em você.
Taa riu.
- Você quer é me comer, princesinha, se quisesse me bater teria batido ontem.
- E seu eu quisesse comer já teria comido. Dica.
- Aham... Vai ajudar ou não?
- É concorde, além de ser bicha, ainda está facinho bêbado assim.
- Aham, experimente.
- Não quero te comer.
- É, não me enche o saco, loirinha. - Levantou-se.
Ikuma se encostou no balcão e cruzou os braços em frente ao peito, observando o outro.
- Vai ficar me olhando?
- Vou.
Taa fechou os olhos e levou a mão até o rosto.
- Ah que inferno.
- O que é, filho da puta? Que porra você quer?
- Nossa que raiva, o que foi, querida?
- Pareço com raiva? - Deixou a leve curva nascer ampla nos lábios.
- Sei lá, nem te enxergar eu consigo.
- Me diz, lagartixa, o que quer?
- Ajuda. - Riu.
- Como vou fazer isso?
- Me ajude a ir pra casa..
- Eu devia te deixar na rua. Nem sei onde é sua casa.
- Ah é... Ah... Eu te mostro o caminho... Ou não...
- Vai saber ir?
- Aham... - Taa retirou o dinheiro do bolso, deixando sobre o balcão - Vamos.
- Está mesmo bêbado. Já está pago. - Ikuma pegou o dinheiro do outro e levou-o ao bolso frontal do jeans trajado por ele. - É mais fácil usar isso para um táxi. Muito longe?
- Não muito... Acho melhor eu ir...
- Hum, tá..  - Fora ao lado do conhecido, e analisou-lhe o corpo afim de buscar um jeito de segurá-lo. - ... Então, não consegue andar de boa?
- Se eu conseguisse acha que eu pediria ajuda? Não sei qual de vocês dois eu seguro...
- Ah, que idiota.
Ikuma não conteve o riso. Segurou o braço do outro e passou este em torno ao pescoço, usando o próprio a envolvê-lo pela cintura em seguida. Deu alguns passos não apressados e agilizou-os em seguida, guiando-se até a saída do local.
- Ah eu estou parecendo um bêbado ridículo, me deixa. - Taa se soltou e encostou na parede. - Só chama um táxi pra mim.
- Realmente está. - Ikuma riu novamente. Do bolso retirou o aparelho e entregou a ele. - Ligue para o táxi, eu não sei o número.
- Ca-ra-lho, Ikuma! Ja falei que não enxergo, porra!
- Então fala o maldito número, seu corno. - Pegou o celular novamente.
- Porra eu não lembro nem quem é você, como vou lembrar da porra do número!
- AH, então vai tomar no cu.
- Liga logo, porra.
- Ligar pra onde, animal?
- Pra sua mãe... Pro táxi, idiota.
Ikuma apoiou a mão esquerda à parede onde o rapaz havia se encostado. Se pôs fonte a ele e baixou a cabeça.
- Cara... você é realmente um animal... Eu acabei de falar que não sei o maldito número.
Taa suspirou e o fitou.
- Desculpe, Ikuma... Minha casa... Não fica muito longe... Acho que posso ir sozinho...
- Ah! - Exclamou com um tom animado e voltou o olhar ao outro. - Sei onde é sua casa!
- Se vai fazer piada, fique quieto.
- Ali ó cara. - Apontou para a árvore do outro lado da rua.
- É, vou subir lá.
- Vai lá, vai lá.
- Babaca. - Taa passou o braço ao redor do pescoço dele. - Vem comigo, então.
- Não subo em árvores. Tenho uma cama confortável me esperando.
- Não, animal. Venha comigo pra casa.
Ikuma não conteve o riso novamente e passou um dos braços em torno a cintura magrela do outro.
- Tá, vou te levar até lá.
Iniciou os passos, guiando-os até a árvore do outro lado da rua.
- Ikuma!
Taa cutucou o outro e puxou ele na direção de casa, atravessando a rua. A risada desta vez soava com mais vontade, porém o deixou guiar até o local. O de cabelos brancos parou por um segundo e observou o local.
- Eu acho que é pra esquerda... É...
Virou com ele, apoiando-se no outro e caminhava na direção que achava correta.
- ...
Ikuma parou novamente ao vê-lo confuso em qual direção seguir. Guiou-o até a calçada, colocando-o apoiado a parede novamente e o soltou.
- Tchau, Taais. Foi bom te conhecer...
- Nãão. - Puxou o outro. - É sério, Ikuma, eu vou achar...
Ikuma parou em frente ao outro e cruzou os braços, permanecendo em silêncio, observava-o.
- Tô falando sério...
- Juro que não entendo como você ficou assim. Passou o dia sem comer, é?
- Faço isso algumas vezes... - Murmurou.
O riso fora baixo de inicio e passou a tornar mais audível, os olhos com lentes continuavam a fitar o outro e desta vez era analítico, percorrendo toda imagem da figura à frente.
- É... entendo... Não sei porque ainda perguntei isso.
- É, cuidado pra não me apertar muito quando me segurar se não você me quebra... - Riu, e pela primeira vez em dias percebeu estar se divertindo.
- Claro, lagarta. Serei gentil com você. Vou te levar pra minha casa ou para um hotel, qual prefere?
- É perigoso dormir perto de você?
- É, é muito perigoso.
- Então me leve pra um motel... - Tossiu - Hotel...
- Motel? Se for miserável demais e quiser pagar um motel ao invés de hotel, vá em frente.
Ikuma passou novamente um dos braços em torno a cintura do outro e lhe puxou um dos braços, continuando a segurá-lo pelo pulso após o feito.
 - Bem, centro é fácil de achar.
- Vamos logo então... - Taa se apoiou no outro, caminhando junto a ele. - Onde nós estamos? Acho que já perguntei isso... Ou não... 
- Taaís, você vai me confundir também se continuar assim, cara.
Ikuma se manteve parado, buscando com os olhos algum local oportuno a ser seguido. Notou edifício extenso no final da rua paralela onde estavam e dera inicio aos passos, seguindo na direção das grande letras em tom azul. Taa caminhava com ele e riu baixo do comentário.
- Estou cansado, Ikuma...
- É, eu também. Mas estou tendo que carregar alguém.
- Pelo menos eu sou gostoso. - Riu. - Que merda... Tenho a impressão que só estou falando idiotices.
- Você...? Gostoso?... - Ikuma riu, riu alto, com vontade.
- Tá, vá pro inferno.
- Vou, vou assim que deixar você no seu quartinho, lagartixa.
- Ué não falou que eu era o demônio? 
- Não,  quero demônios bonitos, vou me olhar no espelho.
- É, agora disse algo decente, que você é o demônio.
- Sim, eu sou.
Ikuma encerrou os passos assim que chegaram em frente ao grande Hotel. Fora à calçada e abriu a porta encostada. O local sem movimento, tinha somente o recepcionista e os seguranças da porta, que estava quase a dormir. Caminhou junto ao outro até o balcão e deu leves batidas sobre a madeira. Taa sobressaltou-se e estreitou os olhos ao outro.
- Você está me assustando...
- Assustando? Sou tão gentil com você, Taaís.
O homem de bom porte, acordou um pouco desajeitado, talvez tímido por tal acontecimento. Ikuma sorriu a ele, um sorriso lascivo e passou a conversar em busca de um quarto, afinal, o outro sequer diria algo decente ao rapaz.
- Está com a identidade ai, Taa?
O maior tirou a carteira do bolso, entregado a ele e apoiando-se no balcão para se manter de pé. O loiro abriu a carteira e tirou os documentos necessários, registrando a estadia do conhecido no hotel. Assim que feito, pegou o cartão deixado sobre o balcão e despediu-se com o mesmo sorriso para o atencioso atendente. Voltou a segurar o rapaz magrelo e guiou-se junto a ele até o elevador.
- Você vai me pagar isso, ok?
- Uhum, pago como quiser... Quando eu estiver são... - Riu e encostou-se no elevador.
Ao adentrar o quarto, Taa fora retirando as roupas, estava com calor e preferia dormir de roupa íntima daquele modo, tanto que se jogou direto na cama. O loiro, vendo-o naquele estado somente negativou e fechou a porta atrás de si com um sorrisinho maldoso. Ele estava bêbado, mas ao menos não estava triste como nos últimos dias em que o vira e os que havia passado observando-o com sua banda e se aquilo era necessário, então tudo bem. Aproximou-se da cama, observando o rapaz mais alto jogado ali e também não se sentia muito bem, por isso, deitou ao lado de seu corpo, decidido a se levantar em alguns minutos, o problema fora que adormecera ali.

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