Yuuki e Kazuto #5


- Está mais calma, Cinderella?
A voz suavemente rouca soou pelo cômodo. Sentado na janela, a perna dobrada, dava apoio a um dos braços. O quarto escuro, sendo levemente iluminado pela luz natural da lua, no entanto, tendo a claridade bloqueada pelo corpo do vampiro. Fitava o figura alheia deitada na cama, sentindo o aroma do sangue conhecido, que aos poucos passara a manchar o tecido branco sobre a cama, tingindo-o de vermelho.

- Saia do meu quarto!
O menor gritou e voltou a repousar a cabeça sobre o travesseiro, ignorando-o, visto que havia entrado sem ser convidado.

- Hum...
Yuuki murmurou e já não fora vista mais a silhueta do louro em frente a janela. Kazuki d
esviou o olhar ao local ao perceber o vampiro faltante e encostou a cabeça de lado no travesseiro, as lágrimas escorrendo ainda pela face.
- Yuuki...

- Sim, Princesa...
Uma das mãos do vampiro tocou e subiu sob a cintura do pequeno, erguendo o tecido com o toque suave sobre a pele quente. A fala havia sido sussurrada ao pé do ouvido alheio, talvez surpreendendo o garoto desprevenido. 
Um arrepio percorreu o corpo do pequeno, virando-se minimamente para fitar o outro e virou-se de barriga para cima, fitando os olhos dourados do vampiro, a mão foi ao rosto dele, hesitante, parando sobre a face gélida, fazendo uma pequena caricia.
- Não pode ser.... Tão malvado comigo...

Antes que pudesse sentir o toque da mão alheia sobre o rosto, Yuuki deixou a cama do garoto e retornou ao bloqueio da lua, sentando-se frente a janela.
- Não me toque, garoto.

- É, você pode...
Virou-se novamente, fitando-o.
- Por que... Por que voltou?

A perna dobrada, assim como anteriormente, dava apoio a um dos braços do vampiro. Observava o garoto, e sua pergunta, que talvez demonstrasse tamanha esperança na resposta buscada.
- Não venha me procurar novamente. Já fui piedoso o suficiente em deixá-lo vivo.

O menor se sentou na cama, fitando-o ainda.
- Não posso prometer isso.

- Não o deixarei vivo da próxima vez.
O menor se levantou, aproximando-se do outro, a mão novamente hesitante para tocar a face dele.
- Não me toque! - Ele disse áspero, antes que o garoto tocasse a pele. - Quantos anos você tem, criança ?
Kazuto abaixou a mão, ajoelhando-se em frente a ele, de cabeça baixa até ouvir a pergunta, só então tornou a fitar o rosto do maior.
- Mais do que você pensa que eu tenho.

- Escute! - Yuuki disse, voltando o olhar ao louro ajoelhado. - Não me importo com você, matá-lo ou não, é somente mais um para inúmeras outras pessoas já mortas. Espera encontrar o que em mim, ahn? Espera que eu seja seu amante?
Riu, debochando do mais baixo.

- Não... Quero estar sempre junto com você... Quero ser seu e quero que seja meu...
Kazuto murmurou, os olhos fitando os do loiro e se levantou, apoiando-se na janela ao lado dele já que não podia tocá-lo, embora com aquelas frases, parecesse fútil.

- Eu não quero você, e não pertenço à ninguém se não somente a mim mesmo.
- Eu poderia mudar isso...
- Não, você não pode. Não amo. Não quero você, sua mini-bicha.
Disse o maior fitando o rapaz desde os pés a cabeça, analisando a pequena estrutura corporal. Curvou-se pouco mais, somente para ter mínima distância da face alheia.
- Gostou de ser rasgado daquele jeito, ahn? - Sussurrou ao outro, concluindo a fala com o riso e o retorno da posição anterior. - Já estou enjoado de você, então, não volte atrás de mim, caso contrário, sua banda inútil perderá o vocalista. Não se esqueça. Não o amo, não sinto atração por você, pra mim é somente uma criança que gostou de dar e criou ilusões com a primeira transa, acorde, pirralho!

O menor desviou o olhar da face dele, meio indignado e meio chateado com a posição do outro.
- Não vou deixar que me esqueça Yuuki, não tenho medo de morrer, se tivesse não teria procurado você. Conheço o meu lugar, mas sei que preciso ter você, eu não quero e não vou desistir, não me chame de criança, não me chame de pirralho, eu tenho algo na cabeça que uma criança não teria, e sabe, se não tivesse me comido eu ainda assim gostaria de você. Sabe porque? Eu gostei de sentir a minha vida por um fio nas suas mãos. E os seus olhos, são a pior droga que eu poderia ter, não consigo esquece-los e nem quero. Esse maldito sorriso, eu acho tão convidativo que não consigo tirar da cabeça. Não é só porque perdeu sua alma que não pode mais amar ninguém, Yuuki... O amor não é algo tão frágil, tem medo de alguma coisa, hum?
Kazuto estreitou os olhos, lembrando-se de que não podia tocá-lo e não o fez, voltando a se sentar na cama. Yuuki o
uvira as palavras ousadas do garoto, sequer dando atenção as mesmas, fitava somente um ponto qualquer no exterior do quarto. O conhecido, já não mais estava sentado na cama, e sim deitado contra o colchão tendo o pescoço novamente vítima das garras afiadas, formando novos machucados.
-  Você me enoja, rapaz.
Os olhos negros do pequeno, tinham o olhar fixo do vampiro, e a cada minuto, pressionava ainda mais as unhas contra a carne do louro, sentindo os filetes de pele, o sangue manchar as unhas, asfixiando o garoto.
- Desista. Eu já tenho alguém. Você foi somente um passa-tempo, matou a minha ânsea, a necessidade de momento. Devia tê-lo matado antes...

As mãos do pequeno foram até a dele, puxando a mesma, tentando retirá-la do local embora inutilmente.
- Yu-Yuuki...
Os olhos não se desviavam dos olhos dele e as mãos apenas ficaram sobre a do outro, sentindo a pele gélida do vampiro e subiu pelo braço, voltando a descer e permanecendo sobre a mão que apertava o pescoço, sem ter onde se apoiar, segurar ou puxar.
- Então... Me Mate... Ao menos vou morrer nas suas mãos...  

- Insignificante. - Yuuki deu o ultimo aperto, a ponto de cortar o ar do mais baixo. - Vou embora, não o quero em minha frente outra vez.
Disse o vampiro já na janela mais uma vez. 
Kazuto tossiu, a mão foi ao pescoço, tentando recuperar o ar tirado, logo o fitou.
- Pare de dizer isso... Não quero desistir de você...

O vampiro ouviu novamente as palavras insistentes do garoto, estava cansado de proferir as mesmas palavras continuamente, "irritante" pensou. Os olhos fluorescentes fitavam o garoto sobre a cama, e manteve-se deste modo sem dizer mais nada, talvez deixando que a frustração transpassasse naquele olhar, o desdém típico, o cinismo e a raiva, mútuo sentimento refletia na face calma e irônica que esboçava.
- Yuuki.... Não irei atrás de você novamente... Apenas quero uma coisa... - O menor se levantou, caminhando novamente até ele e parando a pouca distancia. - Me de um último beijo...
- Você acha que pode exigir algo de mim, hum?
- Não estou exigindo, estou pedindo.
- E por que eu faria isso por você?
- Apenas o faça... Não quero que esqueça quem eu sou... Mas sei que daqui há uma hora esquecerá, eu não posso ter você... E isso é frustrante, pense, sentirá todo o gosto do sofrimento nos meus lábios buscando os seus pelos último beijo, não é o que você gosta, hum? Me ver sofrer?
- Te ver sofrer? - O riso abafado pelos lábios cerrados do vampiro, soou baixo porém audível ao louro menor. -  Não me importo exatamente com nada do que você sente, garoto. Sofra, chore, seja feliz, morra, viva, dane-se, foda-se! Para mim dá no mesmo.
Ele abaixou a perna que anteriormente dava apoio ao braço, previsível movimento rápido ao virá-lo de costas e puxá-lo contra o próprio peito. Uma das mãos, no queixo segurando-o com as unhas que por diversas vezes estiveram ali, quanto a outra, desceu o tórax, até abdômen e ventre, apertando o sexo do baixinho, massageando-o por sobre o traje alheio.
- Fala sua bicha, o que mais você quer, ahn? - Sussurrava próximo ao ouvido do conhecido. - Quer que eu te masturbe? Te chupe? Te foda?
Os lábios tocaram a pele, num toque tão sutil quanto ao que havia dado à moça, e desceu a curva até chegar ao ombro onde perfurou com os caninos. Kazuto sentiu as costas contra o peito dele, outro movimento rápido que nem notou e arfou, a mão foi sobre a dele no baixo ventre, apertando-a no local, inclinou o pescoço para o lado e um pequeno gemido foi solto ao sentir a mordida no ombro, já acostumado à dor que ele provia a si.
- Só... Só quero isso, Yuuki...

Yuuki sugou do sangue dele até sentir suas pernas fraquejantes. Abandonou as perfurações feitas com os dentes, roçando a língua sobre as feridas, e pouco mais além, na pele do rapaz, deixando que a língua mórbida e tão gélida quanto a própria pele, roçando, umedecendo, e aos poucos o calor humano que existia no corpo fora morrendo novamente. A mão sobre a face do pequeno, virou o rosto alheio para o lado direito, curvando-se minimamente até que os lábios fossem capazes de encontrar os dele, mesmo o tendo de costas para si. A língua, roçou sob o lábio, antes de invadir a cavidade oral com sua típica arrogância, proporcionando o sabor do sangue ao dono do mesmo, violentando a boca do rapaz, explorando-a de modo tão despudorado quanto si mesmo, sugando o lábio inferior e língua do louro mais baixo por vezes entre aquela troca de salivas que fora capaz de arrancar sangue em meio ao beijo.
Kazuto sentia o corpo fraco entre os braços dele, embora achasse que já estava dolorido o suficiente, uma das mãos foi ao rosto do maior, hesitante, retribuindo o beijo, sentindo o sabor do próprio sangue nos lábios dele e já podia sentir novamente as lágrimas escorrendo pelo rosto. As mãos foram sobre as do outro, colocando as mesmas ao redor da própria cintura enquanto continuava a sentir o beijo violento do vampiro, sentia que a qualquer momento iria cair nos braços dele, mas não abandonaria os lábios tão gelados do maior até que ele os separasse.
A língua do vampiro abandonou o interior caloroso da boca alheia, mesmo não a sentindo daquele modo tão quente. Expôs a própria que roçou contra a dele também exposta fora da boca, sentindo a textura do músculo flexível, e com a ultima mordida no lábio inferior, sugou e lambeu o pouco sangue vazado no canto dos lábios do pequeno. Uma das mãos espalmou as costas do louro, empurrando-o para cama.
-  Adeus, Cinderella.
Após o dito, a silhueta desaparecera pela janela, e talvez pudesse ser visto, os passos do vampiro a novamente sumir ao cruzar a esquina.
O menor ouviu as últimas palavras dele, doeria menos se as unhas estivessem perfurando o pescoço, os olhos se fecharam, nem ao menos se moveu na cama, deixando o sangue que escorria manchar o lençol e naquela noite, rezou para que não acordasse novamente.

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