Tsuzuku e Koichi #6


O garoto havia saído durante quase a semana toda. Passava nos mesmos lugares, procurando, esperando, mas nada vinha. Ele não passava ali, se quer veio atrás de si, e começava a se preocupar se ele viria ou nunca mais iria aparecer, afinal, para ele era só um brinquedo, um prostituto, nada mais.
Os olhos fitavam o chão do quarto, meio desanimado, e já tinha a roupa alinhada sobre o corpo, curta como sempre, afinal, precisaria atender outros clientes caso ele não viesse, como sempre fora, e Katsuragi se tornava cada vez mais rígido em relação a isso. Não deixava brechas para que pensasse nele, justamente por ter visto que estava se apaixonando.
- Garoto, o que está fazendo aí?
- Esperando.
- Não tem que esperar aqui dentro, vá esperar lá fora.
- Mas...
- Koichi... Você não deve se apaixonar, está me ouvindo? Não é como se ele fosse voltar aqui, te pegar nos braços e te levar para morar com ele, você precisa entender que as coisas não funcionam assim.
- Eu sei, mas eu...
- Mas nada. Uma vez um dos meus garotos se apaixonou por um cliente, resultado. Ele acabou com um filho e sem o rapaz, que sumiu assim que soube. Tenha foco e trabalhe, somente isso. Ou quer voltar pra rua?
- Iie... Eu... Eu vou sair.
- Ótimo.
O pequeno suspirou, um longo suspiro e fora para o salão novamente, naquela noite não iria dançar. O dinheiro ganho por ele, já estava acabando, a maior parte fora gasta em comida, já fora humano um dia, e gostava de comer porcarias como qualquer outra pessoa normal, mas Katsuragi, mesmo que já tivesse sido humano não deixava aberto aquelas opções aos garotos, de uns anos para lá, somente sangue era disponibilizado e em pouca quantidade para incentivá-los a caçar.
Koichi havia se sentado próximo ao bar, estava chateado, então não atenderia bem nem se quisesse e pediu para si uma dose de alguma bebida forte, passeando o olhar pelo salão, quando um cheiro conhecido cruzou as narinas. Era ele, estava ali? Mas onde? Não o via. Passeou pelo salão, mas não encontrou nada, talvez só estivesse imaginando, e de fato, mesmo após esperar um longo tempo, o cheiro somente fora diminuindo. Negativou, estava ficando louco, ou apaixonado demais, tinha que parar com isso.
Se encaminharia de novo ao próprio quarto, se não tivesse sido parado pelo loiro no qual ficou alguns dias atrás, enquanto Tsuzuku havia ficado com outro rapaz e arqueou uma das sobrancelhas a observá-lo enquanto segurava o próprio braço.
- Eh?
- Koichi, não é?
- Isso. Posso ajudá-lo?
- Você não se lembra de mim? - Ele sorriu. - Shiro.
- Shiro? Ah... Ah! Nós ficamos...
- Isso. Você quer ficar comigo de novo? Quer dizer, eu gostei muito daquela noite, e eu trouxe um pouco de sangue pra você, sei que gosta de experimentar coisas novas.
Koichi sorriu, gostava da gentileza dele, e se lembrava de Katsuragi dizendo que tinha que ficar com outras pessoas e simplesmente esquecê-lo. Por um momento quis acatar, mas lembrou-se do sorriso dele, do modo como tocava os próprios cabelos, como olhava a si. Mas lembrou-se também, que ele podia estar com qualquer outro vagabundo uma hora dessas.
- Claro. É só escolher o quarto.
O loiro sorriu, feliz pelo garoto ter aceitado e segurou a mão dele, guiando-o consigo ao quarto na área vermelha e nem olhou para trás, convencido de que aquilo talvez fosse o certo a se fazer.
 Logo atrás, o loiro e amigo do garoto cessou os passos, observando o menorzinho a adentrar com outro homem no quarto e uniu as sobrancelhas, cerrando dentes e punhos, chegando até a estalar os dedos.
- Filho da puta...

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